Título: FMI faz novo corte nas projeções globais
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Fonte: Gazeta Mercantil, 29/01/2009, Internacional, p. A10
Washington e São Paulo, 29 de Janeiro de 2009 - A economia mundial despencou nos últimos meses e só crescerá 0,5% em 2009, o pior índice desde o pós-guerra, segundo relatório divulgado ontem em Washington pelo Fundo Monetário Internacional ( FMI) .
Dentro da América Latina, o Brasil crescerá 1,8% em 2009 (1,8 pontos percentuais abaixo do previsto em novembro de 2008, quando o Fundo revisou para baixo as projeções de outubro. A nova previsão significa uma revisão para menos nas previsões feitas em novembro pelo Fundo, de uma expansão de 3% para o Brasil durante o ano. Enquanto isso, o FMI prevê um crescimento de 1,1% para a região neste ano e de 3% no próximo.
Em suas estimativas de novembro passado, o FMI havia previsto um crescimento mundial de 2,2% em 2009. Já a China crescerá 6,7% neste ano (1,8 ponto abaixo do previsto em novembro) e a Índia, 5,1% ( corte de 1,2 ponto).
A evolução do Produto Interno Bruto (PIB) foi revista em baixa para todas as grandes economias.
"O ritmo de crescimento mundial cairá a 0,5% em 2009, o índice mais baixo registrado desde a Segunda Guerra Mundial", explica o informe. "Apesar de terem sido adotadas medidas de amplo alcance, ainda existem tensões financeiras que constituem um lastro para a economia real."
Esse crescimento mundial será, inclusive, negativo se for medido em função dos tipos de juros do mercado, que pode sofrer fortes desequilíbrios. A expansão para as economias emergentes cairá 3 pontos, passando de 6,75% a 3,75%.
" Nas economias emergentes, as condições do financiamento provavelmente se manterão difíceis por algum tempo, principalmente no caso dos setores empresariais que têm necessidade de renovação de crédito muito elevadas", afirma o relatório.
Para 2010, o FMI só prevê uma recuperação gradual, que se situaria nos 3%, e isso com "a ajuda de contínuos esforços para aliviar as tensões de crédito e da adoção de políticas fiscais e monetárias expansivas". "A cooperação internacional será crucial para elaborar e implementar estas políticas", explica o Fundo.
A América Latina, por sua vez, escapará um pouco da recessão mundial e crescerá 1,1% em 2009. A região crescerá 3% em 2010, acrescenta o estudo. O Fundo havia previsto em novembro um crescimento de 2,5%.
"Ao contrário das crises passadas, hoje em dia muitos países da América Latina têm uma base muito mais sólida (...), contam com reservas e políticas sociais" que permitem enfrentar melhor o impacto, afirma Charles Collyns, vice-diretor de pesquisas do Fundo. "No entanto, as autoridades devem ser prudentes e se ajustar à realidade", adverte o especialista. Já a economia da zona euro sofrerá uma contração de 2%, ao invés do -1,5% previsto em novembro passado.
Os 16 países da zona euro só experimentarão um leve crescimento de 0,2% em 2010.
Da mesma forma, os Estados Unidos terão uma retração 1,6% numa drástica revisão em baixa (queda de 0,7%). Os Estados Unidos só retomarão o crescimento em 2010, com 1,6%, . No caso do Japão, a queda na expansão em 2009 será de 2,6%.
Por fim, o relatório aponta que, em termos mundiais, o comércio e a produção industrial despencaram no último trimestre de 2008 de forma dramática.
Empresas e lares, tanto nas economias desenvolvidas como nas emergentes, estão adiando decisões importantes à espera de tempos melhores, na expectativa de que os créditos sejam desbloqueados. O preço das matérias-primas não vai aumentar em curto prazo. O Fundo prevê, por fim, um preço médio do petróleo de US$ 50 o barril em 2009.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 10)(AFP e Redação)