Título: Governo define estratégia para ampliar vendas
Autor: Monteiro,Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 11/02/2009, Brasil, p. A6

Brasília, 11 de Fevereiro de 2009 - Diante do temor de redução da demanda e da escalada de ações protecionistas que podem produzir estragos na balança comercial, o governo lançou ontem uma agenda internacional que prioriza mercados de países com potencial de aumentar as compras em 2009. O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Welber Barral, disse que a redução da demanda é maior em países desenvolvidos do que nos mercados em desenvolvimento.

A chamada "Agenda Internacional 2009", que poderá ser acessada pelo site do ministério, selecionou 29 países. Dentre eles estão África do Sul, Índia, México, Japão, Coreia do Sul, China, Rússia, e Argentina. Não foram incluídos países centrais como Estados Unidos e da Europa Ocidental. Isso, porém, não reflete mudança de foco na pauta de exportação brasileira. Barral explicou que os mercados mais ricos não foram incluídos na lista porque o Brasil já possui uma "agenda própria extensa" com Estados Unidos e Europa. "É tanta coisa na agenda desses países que não daria para resumir em uma agenda", explicou o secretário. "Nos países em desenvolvimento ainda teremos aumento da demanda este ano; além disso, existem vários mercados onde o Brasil ainda exporta pouco", complementou.

Na prática, a agenda é uma bússola que prevê orientar o setor privado a planejar suas exportações e a diversificar a pauta. "A agenda identifica os mercados, mostra os setores para os quais o Brasil tem potencial de ampliar as exportações e o cronograma das missões internacionais, feiras e eventos que o Brasil fará este ano no exterior", explicou o secretário. Dentre os principais setores com potencial de aumentarem as exportações listados na agenda estão os biocombustíveis, automotivo, aviação civil e elétricos e eletro-eletrônicos.

Para o gerente-executivo de comércio exterior da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José Frederico Álvares, a implantação da agenda é positiva neste momento de crise financeira mundial. Porém, disse que o sucesso de tal iniciativa vai depender "do processo negociador" a ser adotado pelo governo brasileiro. Questionado se a agenda e as medidas adotadas pelo governo, até agora, para estimular as exportações seriam suficientes para compensar a perda da demanda internacional, ele acenou com um sim. "Acho que este processo de articulação e mais agressividade do sistema exportador é fundamental", destacou Álvares.

Protecionismo

Barral não confirmou se a agenda seria uma forma de o governo combater a onda de ações protecionistas de outros países aos produtos brasileiro, mas disse que o País está buscando acordos bilaterais . "Essa é uma agenda de trabalho entre as partes envolvidas iniciada no ano passado". Mas adiantou que o governo tem reagido "a escalada de protecionismo por intermédio de negociações bilaterais".

O secretário informou que o governo brasileiro vai se reunir com autoridades da Argentina e do Equador na próxima semana, dias 16 e 17, respectivamente. "Estamos convidando os países para as reuniões bilaterais. E organizando as demandas do setor privado para saber o que são barreiras novas e os que são os problemas fitossanitários", disse Barral.

De acordo com o secretário, 2009 é um ano em que o Brasil precisa "pular" muitas barreiras para aumentar as exportações. "Sapo não pula porque quer; sapo pula por precisão", disse o secretário citando a frase de Guimarães Rosa.

O encontro com a Argentina, onde há reclamações recíprocas, com relação à entrada de produtos, será uma reunião de "alto nível". O MDIC receberá quatro ministros do país vizinho, segundo Barral. Já com o Equador, o governo brasileiro se reunirá com técnicos equatorianos. O secretário explicou que o Equador alega questões ligadas ao balanço de pagamentos, para justificar a adoção de medidas protecionistas.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Viviane Monteiro)