Título: Senado aprova pacote de US$ 838 bilhões
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Fonte: Gazeta Mercantil, 11/02/2009, Finanças, p. B1

Washington, 11 de Fevereiro de 2009 - O Senado americano aprovou ontem, por 61 votos a favor e 37 contra, um plano de recuperação econômica de US$ 838 bilhões. O presidente Barack Obama, que apoia o plano, qualificou a aprovação de "boa notícia", mas ressaltou que ainda há muito trabalho pela frente. O custo total do plano, inicialmente avaliado em US$ 780 bilhões, acabará sendo de US$ 838 bilhões, segundo uma estimativa do Departamento do Orçamento do Congresso (CBO, sigla em inglês).

O texto aprovado é resultado de um acordo entre a maioria democrata e três senadores republicanos moderados, Susan Collins, Arlen Specter e Olympia Snowe, que aceitaram votar a favor do plano depois de cortar gastos na versão anterior do projeto, que previa quase US$ 940 bilhões.

Quem ganha e quem perde

Empresas da construção civil, compradores de carros novos e o setor manufatureiro estão entre os que mais ganharam com a aprovação do plano, enquanto os governos estaduais e os executivos do mundo corporativo, acostumados a receber salários generosos, estão entre os principais perdedores.

O pacote contém diversas emendas importantes e passou por uma revisão na semana passada quando senadores democratas concordaram com as mudanças propostas pelos senadores Susan Collins, republicana de Maine, e Ben Nelson, republicano de Nebrasca. Embora inúmeras das condições tenham sido mantidas, o projeto de lei assumiu novas feições, provando que apenas uma semana pode fazer uma grande diferença no Congresso dos Estados Unidos.

As construtoras receberam um grande estímulo graças a uma emenda do senador Johny Isakson, republicano da Geórgia, que estende o crédito para a compra de imóveis para US$ 15 mil, ou 10% do preço de compra - o que for menor - e se aplica a todos os compradores de imóveis.

Segundo a legislação atual, os proprietários eram obrigados a pagar por um crédito de US$ 7,5 mil referente às propriedades adquiridas entre o dia 1° de janeiro e o fim de agosto. Esta lei era aplicada apenas aos cidadãos que compravam casa pela primeira vez na vida.

Ainda assim, alguns senadores democratas, como Charles Schumer, de Nova York, argumentaram que a nova medida é insuficiente para estimular a construção de novas casas. Robert Williams, do Centro de Política Fiscal, concorda.

Outra emenda ao projeto permitirá que consumidores comprem carros novos usando o financiamento para reduzir quaisquer pagamentos de juros que eles tenham feito durante o ano. A ajuda às montadoras será modesta em meio aos prognósticos cada vez mais sombrios. Todas as três maiores montadoras dos EUA registraram fortes quedas nas vendas para o mês de janeiro. As vendas da Chrysler despencaram 55%, enquanto a Ford e a GM amargaram quedas de pelo menos 40%.

No entanto, Williams, do Centro de Política Fiscal, afirmou que o caso do crédito para compra de autos padece dos mesmos problemas do crédito imobiliário. "Ajudará um pouco na alta da demanda, mas os vitoriosos serão aqueles que iriam comprar carros de qualquer maneira." Assim, o efeito desta medida deve ser restrito. O plano aprovado ontem prevê um novo desconto de 10% para scooters elétricas e veículos de três rodas.

Alguns setores como o manufatureiro e o da construção civil que registraram perdas em 2008 e 2009 poderão, segundo o novo pacote, transformar suas perdas em descontos fiscais. Outra emenda aprovada estabelece um teto anual de US$ 400 mil - igual ao salário do presidente - para ganhos dos executivos de qualquer empresa que tenha recebido fundos do pacote.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Dow Jones Newswires e AFP)