Título: Gabrielli descarta dumping no aço chinês
Autor: Lorenzi,Sabrina
Fonte: Gazeta Mercantil, 12/02/2009, Brasil, p. A10

Rio de Janeiro, 12 de Fevereiro de 2009 - Polêmica à parte, com dumping ou não, China e Brasil empatam até agora no volume de aço fornecido para a construção dos 49 navios da Transpetro. Em cinco lotes já negociados pela subsidiária da Petrobras para logística, 30 mil toneladas de chapas de aço foram ou serão entregues pela Usiminas e outras 31 mil virão de siderúrgicas chinesas. Os ucranianos foram os primeiros com o abastecimento de 18 mil toneladas. É apenas o começo de um plano que tem encomendas de 680 mil toneladas de aço e garantiu (somente) 79 mil até o momento.

Petrobras revê contratos

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, reagiu ontem a indagações da imprensa sobre a possibilidade de dumping envolvendo o aço chinês.

"Ninguém tem interesse em dumping aqui". Nas últimas semanas, Transpetro e representantes da siderurgia brasileira protagonizaram um verdadeiro embate sobre a questão, quando a subsidiária estatal dava como praticamente certa a importação de 24 mil toneladas de aço da China - encomendas que foram formalizadas na última terça-feira. Paralelamente, a Transpetro encomendou mais 18 mil toneladas da siderúrgica brasileira, única fornecedora do País.

Do total encomendado até então, 72 mil toneladas têm como destino o Estaleiro Atlântico Sul (PE). E o Estaleiro Mauá (RJ) ficará com sete mil toneladas de aço (chinês).

Na última licitação em que a China venceu, a Transpetro informou que a Usiminas ficou em último lugar entre as 11 empresas participantes e que os chineses cobravam 60% mais barato pelo insumo.

Por falar em preços baixos, Gabrielli defendeu ontem a revisão de contratos da Petrobras por conta da nova realidade do mercado - o valor do petróleo foi reduzido a um terço nos últimos seis meses. "Não vou dizer que os custos vão cair nesta proporção, mas vão ter que cair", disse, para uma platéia de centenas de fornecedores reunidos na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).

Dos investimentos de US$ 174 bilhões da Petrobras entre 2009 e 2013, Gabrielli estima que US$ 100 bilhões ficarão no Brasil. As compras da estatal devem garantir cerca de um milhão de empregos anualmente.

"Nessa crise, com essas demissões, ouvir o Gabrielli falar é como se estivéssemos num spa", disse o conselheiro da Firjan, João Barbará. Serão encomendados pela Petrobras, 42 mil toneladas de tubos, 8 mil bombas, 4 mil dutos flexíveis e 500 árvores de natal para mar.

De onde vem o dinheiro

Gabrielli aproveitou para anunciar o investimento histórico da Petrobras no ano passado, de R$ 53,4 bilhões - aumento de 18% em relação aos valores investidos em 2007.

A companhia continuou direcionando a maior parte de seus investimentos para a área de exploração e produção. O maior salto de crescimento dos investimento ficou na área de gás e energia, com 50% sobre o volume de 2007, por causa de projetos voltados para a autossuficiencia do insumo no País.

Em 2009, a empresa deve investir de US$ 27 a US$ 28 bilhões, um pouco menos que o valor médio anual, de US$ 35 bilhões, enquanto o preço do barril estiver em nível baixo e as fontes de financiamento escassas.

O executivo detalhou as fontes de financiamento, que virão do BNDES (US$ 12,5 bilhões), caixa próprio (US$ 10 bilhões) e US$ 5 bilhões do mercado. Cerca de US$ 1,5 bilhões foi garantido recentemente. Outros US$ 2,5 bilhões já foram captados.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 10)(Sabrina Lorenzi)