Título: Jarbas Vasconcelos reitera críticas, Temer descarta expulsão
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Fonte: Gazeta Mercantil, 17/02/2009, Brasil, p. A10
Brasília, 17 de Fevereiro de 2009 - O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) reiterou ontem as críticas que fez ao PMDB, mas evitou apresentar documentos que comprovem as acusações. Já o presidente da Câmara e do PMDB, deputado Michel Temer (SP), descartou a abertura de um processo de expulsão do correligionário.
Em entrevista à revista Veja, Vasconcelos afirmou que boa parte do seu partido é corrupta. O senador classificou a eleição do peemedebista José Sarney (AP) à presidência do Senado como um "completo retrocesso", e disse que o novo líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros (AL), não tem "nenhuma condição moral ou política para ser senador, quanto mais para liderar qualquer partido". "Eu não retiro uma vírgula, uma linha do que eu já disse", disse o senador a jornalistas.
"Eu não sou auditor. A minha missão que Pernambuco me mandou para cá foi ser senador da República, não membro de Tribunal de Contas, Ministério Público ou coisa parecida. Mas cabe a mim denunciar práticas políticas que não são de agora", acrescentou.
O peemedebista dissidente descartou a possibilidade de deixar o PMDB. "Eu não vou sair do partido, e não acredito em processo de expulsão." "Quem vai para um episódio desses como eu fui tem que saber das consequências, tem que estar preparado e ter a dimensão suficiente de que foram feitas graves acusações", afirmou o senador.
O senador defendeu que a bancada do PMDB ou o próprio Senado realizem um debate sobre as práticas de corrupção na política, não só no PMDB mas também em outros partidos.
Vasconcelos voltou a bater no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no que diz respeito a uma suposta omissão com práticas corruptas. "Lula tem sido altamente conivente com a corrupção. É lastimável porque ele pertence ao PT, partido que era contra isso".
O parlamentar qualificou de "ridículo e estapafúrdio" o raciocínio de alguns parlamentares de que ele teria concedido a entrevista para forçar uma expulsão do partido.
Os parlamentares consideram que ao taxar boa parte do partido como corrupta, Vasconcelos pretenderia atingir o governo federal - uma vez que o PMDB representa a maior legenda da base de sustentação do presidente Lula - mas que a suposta estratégia não deu certo e, com as denúncias generalizadas, ele teria conseguido se indispor com o seu partido.
Para o senador Pedro Simon (PMDB-RS), que como Jarbas Vasconcelos é um dos fundadores do antigo MDB, mesmo tendo adotado uma postura de não entrar no debate e evitar que se dê dimensão nacional as denúncias do parlamentar, a cúpula do partido deveria reunir-se para analisar as denúncias feitas pelo colega pernambucano.
Em entrevista coletiva concedida depois da conversa de Vasconcelos com os jornalistas, o presidente do PMDB confirmou que não haverá processo de expulsão contra o senador.
Temer reforçou o comunicado divulgado pelo partido nesta manhã, segundo o qual as declarações genéricas de Vasconcelos não merecem "maior atenção" por serem um "desabafo". "Nós, naturalmente, repudiamos a afirmação, mas nós não queremos dar relevo a algo que não tem uma certa
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 10)(Reuters e Agência Brasil)