Título: Faturamento da indústria cai 9,9% em novembro, diz CNI
Autor: Aliski,Ayr
Fonte: Gazeta Mercantil, 21/01/2009, Brasil, p. A4
Brasília, 21 de Janeiro de 2009 - A crise financeira internacional interrompeu uma escalada de crescimento na oferta de postos de trabalho que durava 31 meses. Isso significa que o emprego industrial caiu 0,6% em novembro na comparação com outubro, informa a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Houve uma retração dos indicadores industriais de praticamente todos os segmentos produtivos. A exceção foi a massa salarial, impulsionada por fatores como o pagamento de parte do 13º salário.
Para a CNI, os números deixam claro o grau de contaminação da economia brasileira pelos efeitos da crise financeira internacional. Faturamento real, horas trabalhadas e nível de emprego apresentaram retração, considerando dados sem os efeitos sazonais. Na queda da oferta de emprego, os piores indicadores foram registrados nos segmentos de couro e calçados (-3,6%); vestuário (-3,3%); têxteis (-2,2%); borracha e plástico (-2,2%) e veículos automotores (-2,1%).
O economista-chefe da CNI, Flávio Castelo Branco, destacou que os números dos indicadores industriais de novembro foram sujeitos a impactos negativos. Houve menor número de dias úteis em relação ao mês anterior e o fato de que, tradicionalmente, novembro é menos aquecido que outubro (que concentra os pedidos de produção para o final do ano). Mesmo assim, o fato de novembro ter apresentado quedas gerais dos indicadores econômicos deve ser creditado à crise, e não a fatores sazonais, disse.
O faturamento de novembro caiu 9,9% na comparação com outubro e o número de horas trabalhadas apresentou retração de 1,5%, a maior queda desde janeiro de 2003, quando teve início a série preparada pela CNI. E o pior: novembro é o segundo mês consecutivo de queda. Entre os 19 setores pesquisados, somente o de vestuário apresentou aumento em novembro, de 7,6%.
Os segmentos com maiores quedas foram veículos automotores (¿29,5%), metalurgia básica (¿26,2%) e couros e calçados (¿17,5%). No acumulado entre janeiro e novembro, o faturamento da indústria cresceu 6,4% na comparação com igual período de 2007. O índice positivo é sustentado pelos bons resultados acumulados nos três primeiros trimestres do ano.
O índice de Utilização da Capacidade Instalada (UCI) caiu para 81,6% em novembro, um ponto percentual a menos que em outubro. Os percentuais referem-se a números dessazonalizados. "A intensa queda do faturamento sinaliza a acumulação de estoques indesejados, o que sugere recuos adicionais da produção industrial nos próximos meses", destaca documento da CNI.
Quanto à capacidade instalada, as maiores reduções foram registradas nos segmentos de móveis e indústrias diversas (-7,4%) e metalurgia básica (-6%).
Os dados estatísticos da CNI mostram que praticamente são alguns poucos e os mesmos setores que lideram a retração dos indicadores industriais. No número de horas trabalhadas, os segmentos com piores desempenhos foram os de veículos automotores (-16,1%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-11,1%) e máquinas e equipamentos (-11,1%). De janeiro a novembro de 2008, o número de horas trabalhadas apresenta crescimento de 5,6% sobre igual período de 2007.
Algumas áreas produtivas, sozinhas, são responsáveis por boa parte dos índices negativos. Os segmentos de veículos automotores, metalurgia básica, máquinas e equipamentos e, por fim, alimentos e bebidas respondem por 62% da queda de faturamento e por 48% da redução no número de horas trabalhadas, na comparação de novembro com outubro.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)(Ayr Aliski)