Título: Metalúrgicos protestam contra demissões
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Fonte: Gazeta Mercantil, 21/01/2009, Brasil, p. A5
São Paulo, 21 de Janeiro de 2009 - Uma manifestação realizada ontem reuniu cerca de 15 mil trabalhadores do ABC paulista em protesto contra demissões e propostas de redução de jornada e de salário decorrentes da crise econômica mundial, segundo informou a Central Única dos Trabalhadores (CUT).
A passeata, realizada na Avenida 31 de Março, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, se seguiu a assembléias na porta das montadoras Ford, Mercedes-Benz, Scania e Volkswagen, além de indústrias de autopeças. A mobilização teve início às 6 horas e durou até as 10 horas.
"A única maneira de atravessarmos este momento difícil é lutar pela garantia de empregos e salários. Por isso é preciso tomar as ruas, literalmente, como estamos fazendo agora", disse Artur Henrique da Silva, presidente da CUT, durante o ato.
Anunciando novas mobilizações, ele argumentou que nos últimos anos a indústria automobilística trabalhou a todo vapor e bateu recordes de produção e que, assim, teria condição de absorver a retração atual nas vendas.
A passeata aconteceu um dia após a reunião de centrais sindicais com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, quando foram debatidas saídas para manter o consumo - como corte nos juros e redução no spread bancário -, mas nenhuma medida foi anunciada.
Também na segunda-feira o governo divulgou que foram fechados mais de 650 mil postos de trabalho com carteira assinada em dezembro, número bem superior aos 300 mil tradicionalmente perdidos no mês. O sinal de alerta veio da General Motors, que cortou 744 funcionários temporários no dia 12.
Nesse cenário, a Força Sindical iniciou negociações com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) que preveem corte de jornada e de salários sem garantia de emprego. Por pressão de outras centrais, a Força suspendeu as conversas. Contrária às propostas, a CUT não participa das reuniões.
Nos próximos dias o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, leva ao presidente Lula em Brasília uma proposta para os trabalhadores do setor com a fixação de metas de produção e de emprego, precedidas de debates setoriais entres trabalhadores, empresários e governos.
O prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), ex-presidente da CUT, não compareceu à manifestação. A presença chegou a ser anunciada por sindicalistas, mas, segundo sua assessoria, ele cumpriu atividade na prefeitura.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág