Título: G20 irá debater crédito à exportação, diz BC
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Fonte: Gazeta Mercantil, 16/02/2009, Finanças, p. B3
São Paulo, 16 de Fevereiro de 2009 - As discussões do G20 na reunião marcada para abril se concentrarão em como retomar as linhas de crédito ao comércio exterior de países emergentes, após a retração em decorrência da crise global. A informação foi dada pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, na sexta-feira. O Brasil, no entanto, está tranquilo nesse assunto em razão de suas amplas reservas internacionais, ponderou Meirelles.
"No momento em que os Estados Unidos começam a procurar seu caminho, a grande questão que vai remanescer na reunião do G20 em abril será a das linhas de crédito de importação e exportação dos países emergentes e em desenvolvimento", afirmou em discurso em São Paulo. "O Brasil tem reservas internacionais para repor essas linhas, mas muitos emergentes não têm. É uma reserva de liquidez essencial."
Em relação à economia doméstica, Meirelles repetiu o pedido de serenidade por parte dos agentes econômicos e da sociedade. Ele afirmou ainda que o processo de estocagem da indústria brasileira foi significativo no fim de 2008 e que alguns números, como o de produção de automóveis, mostraram uma melhora em janeiro após atingirem o piso. "A crise é séria, mas temos que olhar todo o processo com serenidade."
Ele disse também que há um consenso entre economistas nacionais e internacionais de que a economia brasileira vai crescer acima da média mundial neste ano.
Crédito
A oferta de crédito no Brasil está se normalizando após o baque da crise global, mas a demanda ainda segue abaixo do normal em razão do desaquecimento econômico, afirmou Roberto Setubal, presidente do Banco Itaú, na sexta-feira. Além disso, o banco avalia que as taxas de juros resistem em cair devido a um aumento da inadimplência. Setubal previu um crescimento da carteira de crédito do banco de 10% a 15% em 2009. "A oferta de crédito continua ampla, a liquidez está normalizada, mas tem um pouco de redução de demanda por conta de preocupações com a crise", disse.
"A oferta e a demanda de crédito reduziram bastante em novembro, melhoraram em dezembro e melhoraram mais em janeiro." Em relação às taxas de juros, Setubal disse que elas já apresentaram alguma queda, mas o aumento da inadimplência previsto para 2009 impede uma redução maior. "As taxas tiveram pico em novembro e dezembro, e de lá para cá, com a série de medidas do governo, como redução de compulsório e controle do câmbio, elas têm voltado aos patamares anteriores."
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Reuters)