Título: Produtores de coque operam com 30% da capacidade
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Fonte: Gazeta Mercantil, 22/01/2009, Brasil, p. A7

Brasília, 22 de Janeiro de 2009 - A crise financeira internacional já atingiu o setor de exploração mineral. Por isso o Ministério de Minas e Energia convocou ontem uma reunião com os representantes do setor para debater sobre o assunto e achar soluções para o problema. Uma das áreas mais atingidas foi a de produção de coque (combustível derivado do carvão usado no processo siderúrgico e também na produção de pastilhas de freio). Em todo o País, somente quatro empresas, concentradas em Santa Catarina, produzem esse insumo.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Carvão Mineral (ABCM), Fernando Luiz Zancan, a produção de coque caiu em torno de 70%. E o setor opera hoje somente com 30% da capacidade instalada. O executivo disse ainda que esse setor já concedeu aos seus funcionários férias coletivas desde novembro e fundições também estão paralisadas.

As produtoras de carvão mineral que fazem parte da ABCM fornecem carvão metalúrgico para as companhias que produzem coque. Atualmente elas vendem somente algo em torno de 5% para essas companhias. O presidente da ABCM afirmou que a venda já diminuiu. "No coque de fundição, já diminuiu fortemente o fornecimento de carvão metalúrgico", afirmou Zancan.

Essa baixa na produção de coque deve-se às fortes quedas nas vendas de automóveis novos já que o insumo é usado na fabricação de veículos. Em dezembro, a produção de veículos pelas montadoras despencou 47,1%, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). No último mês de 2008 saíram das linhas de montagem 102.053 veículos, queda acentuada em relação a novembro quando foram fabricadas 193.062 unidades.

Carvão mineral

Apesar da queda na produção de coque, o presidente da ABCM disse que ainda não percebeu os efeitos da crise no setor de carvão mineral, já que 87% da produção do insumo do País é usada para abastecimento das usinas térmicas. Segundo ele, a energia elétrica gerada a partir do carvão mineral vai para a Argentina e o país vizinho anualmente compra energia do Brasil.

O Ministério de Minas e Energia divulgou ontem que a Argentina já pediu empréstimo ao Brasil de 1.500 MW médios para serem usados de fevereiro a novem-bro desse ano. Esse pedido é feito anualmente porque durante o inverno argentino o consumo de energia é maior. O MME ainda vai analisar tecnicamente o pedido e no próximo mês dará uma resposta. Com a exportação, as produtoras de carvão mineral poderão ganhar novo fôlego.

Água Mineral

O setor de produção de água mineral também esteve presente na reunião. O presidente da Associação Brasileira de Água Mineral (Abinam), Carlos Alberto Lancia, o setor já está sendo atingido pela crise. Segundo Lancia, no verão a venda do produto aumenta 10% e esse ano não houve crescimento. O setor produziu ao todo no ano passado 7,2 bilhões de litros de água, uma arrecadação de R$ 1,2 bilhões.

De acordo com Lancia, os distribuidores de água estão sem crédito e por isso não houve alta nas vendas do produto nesse primeiro mês do ano. Lancia afirmou ainda que quando passar o verão, em março, o setor pode começar a demitir os seus funcionários. "Ainda não tem demissões por causa do verão, mas após o verão há possibilidade de cortes", afirmou o presidente da Abinam.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 7)(Ana Carolina Oliveira)