Título: Balança comercial tem déficit de US$ 645 mi
Autor: Monteiro,Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 27/01/2009, Brasil, p. A4

Brasília, 27 de Janeiro de 2009 - A balança comercial acumulou déficit de US$ 645 milhões nas quatro semanas de janeiro e surpreendeu, de forma negativa, os exportadores brasileiros. Diante do cenário, a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) revisou as previsões para um déficit de US$ 300 milhões, no mínimo, para o fechamento deste mês. As estimativas anteriores eram de superávit entre US$ 200 milhões e US$ 300 milhões.

Tal comportamento mostra uma reversão do resultado superavitário de US$ 922 milhões obtido em igual mês do ano passado. Apenas na quarta semana de janeiro, entre 19 e 25, o déficit foi de US$ 255 milhões.

Caso se confirme a estimativa de déficit no mês, esse seria o primeiro saldo negativo para meses de janeiro desde 2001, quando a cifra foi negativa em US$ 480 milhões, segundo informa a AEB.

Entretanto, o tamanho do déficit comercial deste mês, segundo o vice-presidente da AEB, José Augusto de Castro, vai depender das exportações a serem feitas pela Petrobras na última semana de janeiro. Ele avisa que não será surpresa se o déficit bater o recorde histórico para meses de janeiro - registrado em 1998 (de US$ 724 milhões) -, se a Petrobras não alavancar as exportações de matérias-primas na última semana deste mês.

"As vendas de petróleo vão balizar o resultado do mês, porque elas respondem pelo maior peso nas exportações", disse Castro. Ele lembrou que tradicionalmente as exportações são fracas no primeiro mês do ano em decorrência principalmente da entressafra da soja, o principal item da pauta de agronegócio. Porém, este ano os embarques totais foram agravados pela crise financeira mundial que vem derrubando as vendas de carnes, dentre outros itens.

Por enquanto, a AEB prefere manter as estimativas para o restante do ano, que é de um superávit comercial de US$ 17,1 bilhões, 30,7% menor que o apurado em 2008. A previsão é que as exportações somem US$ 163 bilhões, com queda de 17,6%, e de importações de US$ 146 bilhões, montante de 15,7% menor na mesma base de comparação.

Caso venha a revisar as estimativas, o dirigente da AEB avisou que isso só acontecerá em meados de abril, quando haverá dados mais consolidados das exportações e importações.

Ontem, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior divulgou dados que mostram que o saldo comercial acumulou déficit de US$ 645 milhões até o dia 25 deste mês. A cifra é 96,2% menor do que a média diária do saldo apurado em igual mês do ano passado e 38,5% menor do que a registrado em dezembro último, de US$ 104,6 milhões.

As exportações totalizaram US$ 7,547 bilhões, o que dá uma média diária de US$ 471,7 milhões, 21,8% menor que a apurado em todo o mês de janeiro do ano passado (US$ 603,5 milhões). O número também caiu (24,9%) em relação à média registrada em dezembro último, de US$ 628,1 milhões.

Na comparação com janeiro de 2008, caíram 37,2% as vendas de bens manufaturados. Enquanto isso, as de semimanufaturados recuaram 11,8%. Apenas as vendas dos básicos apresentaram ligeira alta, de 0,9%, puxadas pelos embarques de milho em grão, farelo de soja e soja em grão; minério de ferro, fumo em folhas e carne suína.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)(Viviane Monteiro)