Título: Sindag quer aviões no combate à dengue
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Fonte: Gazeta Mercantil, 27/01/2009, Brasil, p. A9

São Paulo, 27 de Janeiro de 2009 - O combate aos surtos de dengue no Rio de Janeiro pode ganhar um reforço com o uso de aviões agrícolas para ampliar a cobertura de pulverização contra focos do Aedes aegypti. A proposta se encontra em análise no Ministério da Saúde e, se aprovada, permitirá o controle do mosquito transmissor da doença em áreas de banhados, distantes do perímetro urbano, e terrenos baldios que não são alcançados pelas equipes por terra.

Segundo Julio Kampf, presidente do Sindicado Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), a expectativa é de que a decisão do ministério venha ainda em tempo para que se façam testes no começo de 2009, caso ocorra um eventual surto da doença. Se o resultado for positivo, avalia Kampf, será possível adotar a técnica em larga escala.

A idéia de se utilizar aviões agrícolas havia sido descartada em 2007 pelo Ministério da Saúde por meio da Nota Técnica 75, de junho do ano passado. O ministério alegava no documento que a aviação só seria aconselhada em casos de epidemia. Depois dos 249 mil casos de dengue e 164 mortes pela doença registradas no primeiro semestre deste ano, o Sindag voltou a insistir na proposta, rebatendo os argumentos da nota do Ministério.

No ano passado, o assunto voltou a ser discutido com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão que convidou o sindicato a participar de reunião do grupo técnico do Programa Nacional de Combate à Dengue. O encontro ocorreu no mês de junho do ano passado. "Expusemos nossos argumentos naquela reunião e o Comitê deliberaria posteriormente e uma resposta seria dada em breve. Estamos, portanto, ainda à espera dela", afirma.

O uso de aeronaves agrícolas no controle de surtos semelhantes é adotado rotineiramente há mais de 30 anos na Hungria, Estados Unidos, Cuba e Colômbia. No Brasil, os aviões foram utilizados em 1975 para extinção de focos de mosquitos culex na região da Baixada Santista, em São Paulo, segundo o engenheiro agrônomo Eduardo Araújo, assessor técnico do Sindag. As pulverizações eliminaram o surto de encefalite nas cidades de Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe, no litoral paulista.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 7)(Redação)