Título: Morales nacionaliza empresa controlada pela BP no país
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Fonte: Gazeta Mercantil, 26/01/2009, InfraEstrutura, p. C6

La Paz e Buenos Aires, 26 de Janeiro de 2009 - O presidente da Bolívia, Evo Morales, nacionalizou na sexta-feira a totalidade das ações da empresa de petróleo Chaco, gerenciada pela Panamerican Energy, companhia formada 60% pela BP e o capital restante pela argentina Bridas. "Pouco a pouco estamos recuperando nossas empresas", afirmou Morales, durante ato público realizado nos escritórios da firma Chaco, aldeia de Entre Rios, na região central de Cochabamba, onde assinou o decreto de nacionalização.

O presidente já havia nacionalizado em 1 de maio de 2008 a firma Chaco e abriu com a Panamerican Energy uma fase de negociação do pacote acionário de modo a assumir o controle total da companhia, o que não pôde ser consolidado até então.

Morales chegou às dependências da Chaco com tropas militares, lamentando que "as empresas de petróleo não respeitem as normas bolivianas"; destacou que seu governo "respeitará os investimentos privados, se esses respeitarem as normas bolivianas". "Queremos sócios, não patrões", voltou a afirmar o presidente boliviano.

A estatal de petróleo boliviana YPFB controlará até 99% das ações da Chaco, que realiza trabalhos de exploração e prospecção de petróleo, além de administrar uma companhia de energia elétrica e uma usina distri-buidora de gás natural e de gás liquefeito de petróleo.

Morales, que tomou sua primeira medida de nacionalização das reservas de gás e petróleo em 1 de maio de 2006, assumiu na sexta-feira a decisão, a apenas dois dias de um referendo popular para fazer aprovar ou rejeitar uma nova Constituição para o país, avalizada pelo governismo. A Bolívia tem as segundas maiores reservas de gás natural da América do Sul, atrás da Venezuela. Os principais destinos de suas exportações são Brasil e Argentina.

No final da tarde de sexta-feira, a empresa argentino-britânica Panamerican Energy anunciou que "defenderá seus interesses legítimos em todas as instâncias", em comunicado emitido em Buenos Aires, em reação à nacionalização, na Bolívia.

Mais gás à Argentina

A Bolívia também anunciou na sexta-feira que aumentou fortemente suas exportações de gás natural à Argentina, permitindo ao país compensar parcialmente uma redução da demanda brasileira, disse o ministro de Hidrocarbonetos, Saúl Avalos.

O funcionário explicou que, desde a última terça-feira, a Argentina começou a receber 6,5 milhões de metros cúbicos de gás natural boliviano por dia, contra um volume anterior entre 1 e 2 milhões de metros cúbicos que vinha importando recentemente.

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 6)(AFP e Reuters)