Título: Ao assinar seu plano, Obama fala em início do fim da crise
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Fonte: Gazeta Mercantil, 18/02/2009, Internacional, p. A12

Denver (Colorado), 18 de Fevereiro de 2009 - O presidente norte-americano, Barack Obama, assinou ontem um gigantesco plano de recuperação de US$ 787 bilhões que representa, segundo ele, o "início do fim" da pior crise nos Estados Unidos em várias décadas.

Obama admitiu que a maior economia mundial ainda não resolveu todos seus problemas. "Não vou fingir que o dia de hoje marca o fim dos nossos problemas econômicos. Ele também não representa a totalidade do que vamos fazer para resolver a situação econômica", declarou Obama em Denver, no Colorado (oeste dos EUA), pouco antes de assinar o plano que consiste basicamente em investimentos em obras públicas para criar empregos e em cortes de impostos para estimular o consumo.

"No entanto, o dia de hoje marca o início do fim. O início do que temos de fazer para criar empregos para os americanos às voltas com as demissões; o início do que temos de fazer para aliviar famílias que ainda não sabem se poderão pagar o aluguel do próximo mês; o início, os primeiros passos necessários para recolocar nossa economia em fundações mais sólidas e abrir o caminho para o crescimento e a prosperidade no longo prazo", discursou o presidente americano.

De acordo com Obama, o plano salvará ou criará mais de 3,5 milhões de empregos em dois anos, e assentará as bases de uma nova economia alimentada pelo desenvolvimento sustentável. Antes de assinar o plano, Obama visitou uma instalação solar para mostrar como o dinheiro será utilizado em prol das fontes de energia sustentáveis.

A aprovação deste plano, na semana passada, pelo Congresso, representa um grande sucesso para Obama, que não mediu esforços para defender seu projeto. Ele assinou o documento na mesma cidade onde aceitou representar o Partido Democrata na eleição presidencial de novembro passado.

A economia americana, que perdeu 3,6 milhões de empregos desde o início da recessão, ainda está longe da recuperação. O próprio Obama insistiu no fato de que este plano será apenas um dos componentes da ação do governo. O secretário do Tesouro, Tim Geithner, apresentou na semana passada um plano de estabilização do sistema financeiro que não convenceu os mercados.

Hoje, em Arizona (sudoeste dos EUA), Obama deverá apresentar medidas para o setor imobiliário, que provocou a crise.

Respeito à OMC

Os Estados Unidos vão respeitar suas obrigações internacionais na aplicação do gigantesco plano de retomada econômica de US$ 787 bilhões, anunciou o presidente Barack Obama, em entrevista concedida à rede pública canadense CBC, ao anunciar sua viagem ao Canadá.

"Vamos respeitar nossos compromissos na Organização Mundial do Comércio e o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) como sempre fizemos", declarou.

Ouvido sobre a cláusula protecionista "Buy America" do plano, Obama afirmou que seu governo está determinado a fazer de modo que, mesmo reforçando a economia americana, as medidas que vierem, com o tempo, também reforçarão a capacidade dos parceiros comerciais, como o Canadá".

A cláusula, criticada pela comunidade internacional, foi atenuada na versão final do plano, estipulando que estará em conformidade com as leis e tratados comerciais existentes, isto é, com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 12)(AFP)