Título: Bayer traz ao Brasil centro de farmacovigilância
Autor: França,Anna Lúcia
Fonte: Gazeta Mercantil, 18/02/2009, Indústria, p. C7

São Paulo, 18 de Fevereiro de 2009 - O Brasil vai se tornar uma das bases de farmacovigilância do laboratório alemão Bayer para o mundo. Ao lado dos Estados Unidos, Alemanha e Japão, o País concentrará uma das centrais de monitoramento dos medicamentos da companhia. Segundo o presidente do Grupo Bayer no Brasil, Horstfried Läpple, cerca de 70% do processamento das informações deste grande banco de dados científicos será centralizado na unidade brasileira. O investimento chega a ¿ 1 milhão e está incluído no programa de investimentos total para o Brasil em 2009 de ¿ 100 milhões.

"O País já é muito importante dentro da estrutura da Bayer no mundo e possui duas competências fundamentais, pessoas, com conhecimento em pesquisa e informática, aliado à uma regulamentação mais rígida", diz o executivo. O País já responde por 36% das vendas da Bayer na América Latina, ficando a frente do México (26%) e da região Andina (16%). No total, as vendas chegaram a R$ 3,3 bilhões em 2007 e os números de 2008 devem ser fechados até abril.

De acordo com a diretora da área médica-regulatória da Bayer, Sandra Abrahão, além do mercado forte, o fato de o País possuir normas claras e controles semelhantes aos das agências de saúde norte-americana e européia, ampliam a confiabilidade para um projeto como este. "Quanto maior o volume de regras maior a garantia de controle para a saúde", explica a médica.

Segundo ela, a farmacovigilância é uma ciência muito recente, que surgiu após os problemas ocorridos com mulheres grávidas que tomaram a talidomida para evitar enjôos naturais da gravidez e acabaram dando à luz a crianças com problemas físicos.

Normalmente, antes de um medicamento ser lançado no mercado, ele passa por testes em um número limitado de pacientes e voluntários que obedecem a critérios internacionalmente adotados e aceitos. Mesmo assim, não se consegue prever todos os seus efeitos colaterais ou do uso concomitante com outros remédios ou produtos, segundo a médica. Somente a utilização em maior escala, durante a comercialização, permite que os efeitos adversos sejam observados e relatados para que se possa reavaliar os riscos.

Cerca de 37 pessoas já estão envolvidas no novo projeto da Bayer e outras 40 devem ser contratadas ainda este ano. Até 2010 o programa contará com 100 pessoas. Todos estarão ligados ao programa que vai criar um grande banco de dados mundial sobre as ocorrências provocadas pelos medicamentos do laboratório alemão, que está ha 113 anos no Brasil, com três unidades. Uma delas em Belford Roxo, no Rio de Janeiro, onde está localizada a produção da linha agrícola Bayer CropScience; a outra é de Porto Alegre, com saúde animal, e mais duas unidades em São Paulo, a sede no bairro do Socorro, e a unidade Cancioneiro, no bairro do Brooklin, onde são produzidas as pílulas contraceptivas que são distribuídas para mais de 30 países diferentes.

O próximo passo da Bayer agora é ampliar o conhecimento da comunidade médico-farmarcêutica a respeito dos conceitos de farmacovigilância. "Apesar do médico prescrever e do farmacêutico atender, nenhum dos dois profissionais teve uma disciplina destas na faculdade", explica a dra Sandra Abrahão.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também mantém o Sistema Nacional de Notificações para a Vigilância Sanitária (Notivisa), que está apto a receber notificações sobre efeitos adversos de remédios, cosméticos, vacinas, entre outros produtos químicos. As reclamações devem ser feitas pelos profissionais ligados à saúde. Ao receber a notificação, os órgãos integrantes do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária analisarão a notificação de acordo com a gravidade e risco do efeitos adversos ou da queixa.

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 7)(Anna Lúcia França)