Título: Racha na coalizão
Autor: Craveiro, Rodrigo
Fonte: Correio Braziliense, 22/03/2011, Mundo, p. 18

A coalizão internacional criada para implementar a zona de exclusão aérea na Líbia deu ontem sinais de desavenças internas. Países europeus questionam a falta de clareza sobre quem está no comando e acusam a ofensiva de não estar de acordo com a Resolução nº 1.973 do Conselho de Segurança da ONU. A Noruega suspendeu a participação de seus seis caças F-16 até que se esclarecesse quem está dando ordens. A Itália também ameaçou retomar o controle das bases aliadas em seu território.

A crise interna fez com que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciasse ontem que a coordenação da ação militar na Líbia ficará a cargo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). ¿Obviamente, a situação no terreno está evoluindo¿, disse Obama, em entrevista coletiva ao lado do colega chileno, Sebastián Piñera, em Santiago. ¿Como disse, nosso objetivo inicial era eliminar a defesa anti-aérea líbia para podermos estabelecer, de modo efetivo, uma zona de exclusão aérea, e que os aviões e pilotos da coalizão não sejam ameaçados¿, explicou. ¿O segundo ponto é assegurar que possam ser realizados os aspectos humanitários da missão. (¿) A Otan participará na coordenação pela capacidade extraordinária desta aliança¿, indicou.

Em nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores, o governo brasileiro expressou ontem a expectativa de uma trégua urgente na Líbia. ¿Ao lamentar a perda de vidas decorrente do conflito no país, o governo brasileiro manifesta expectativa de que seja implementado um cessar-fogo efetivo no mais breve prazo possível, capaz de garantir a proteção da população civil, e criar condições para o encaminhamento da crise pelo diálogo¿, afirmou o texto. Ainda segundo o Itamaraty, ¿o Brasil reitera sua solidariedade com o povo líbio na busca de uma maior participação na definição do futuro político do país, em ambiente de proteção dos direitos humanos¿, completou. O Brasil absteve-se na semana passada de votar no Conselho de Segurança da ONU a resolução que autorizou o uso da força na Líbia.