Título: Três perguntas para - Odair Dias Gonçalves, Presidente da Cnen
Autor: Sassine, Vinicius
Fonte: Correio Braziliense, 22/03/2011, Mundo, p. 20

As usinas Angra 1 e 2 foram construídas antes da norma de segurança para acidentes severos, editada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), e Angra 3 foi licenciada também em descumprimento à norma. O que a Cnen fará em relação a isso? Não há descumprimento da norma, que não é algo absoluto. É a mesma coisa que lançar um carro mais moderno e dizer que não se pode mais usar o carro antigo. Inovações tecnológicas passam a ser exigidas nos novos reatores. Essa norma se aplica aos novos geradores. Seria absurdo fechar uma coisa que já está funcionando ou que já está licenciada. A gente alterou a norma e passou a exigir a precaução em acidentes extremos para Angra 3. Isso não muda o projeto da usina.

Nos procedimentos de segurança, o que está previsto para acontecer em termos de acidente severo no Brasil? Na região de Angra dos Reis, chuvas são o problema. Chuvas geram desmoronamentos, mas eles ficam longe da região das usinas. Não tem como um desmoronamento atingir os geradores. E, mesmo que aconteça uma inundação, os geradores estão 2,5m acima da maior possibilidade de cheia. As possibilidades estão cobertas, e cobertas com muita folga.

Além da edição de uma nova norma para Angra 3, como a Cnen acompanha a execução das obras? A gente tem 12 inspetores residentes na central de Angra, que acompanham diariamente o que está acontecendo. Eles acompanham se os testes de qualidade funcionam. Outro organismo faz auditorias para garantir a qualidade permanente de obras nucleares. Do ponto de vista técnico, não há nenhuma razão para mudar o cronograma das obras de Angra 3. Se o Japão mostrar que é absolutamente inseguro, o que eu não acredito, os países vão abandonar a energia nuclear. Hoje, as notícias já estão todas mais tranquilas e se aconselha a diminuição do alarmismo.