Título: Pressão do atacado provoca alta de 0,26% do IGP-M de fevereiro
Autor: Americano,Ana Cecília
Fonte: Gazeta Mercantil, 27/02/2009, Brasil, p. A4

São Paulo, 27 de Fevereiro de 2009 - "A deflação de janeiro ficou para trás. O IGP-M de fevereiro elevou-se em 0,26%, ante os - 0,44% do mês passado", comentou Salomão Quadros, economista do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação Getulio Vargas ao apresentar o Índice Geral de Preços - Mercado, ontem. Segundo ele, o movimento era esperado, principalmente diante da não repetição na queda dos preços dos automóveis, registrada em janeiro por conta da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os automóveis. O subgrupo "veículos e acessórios" - que em janeiro apontou queda de -6,45%, sofreu uma alta de 0,17% em fevereiro.

Já, o movimento de queda dos preços industriais - efeito direto da crise internacional --perdeu a força em fevereiro, informou Quadros. No sentido oposto, o subgrupo metais e componentes para a manufatura, que um mês antes indicava uma queda de 2%, registrou em fevereiro novo recuo, de -0,44%,ou seja, de amplitude muito mais modesta.

"Os preços da celulose, produtos químicos e metais já não estão caindo com a mesma intensidade de janeiro", resumiu o especialista. Quadros citou, ainda, a influência da seca na Argentina sobre o mercado de produtos agrícolas pressionando os preços no mercado interno. Segundo ele, neste mês o IGP-M registrou aceleração nos preços de produtos agrícolas, principalmente grãos como trigo, milho e soja.

Perspectivas favoráveis

Para Quadros, no entanto, ainda que o período de deflação tenha terminado, a taxa de fevereiro "não chega a ser tão alta assim". As altas no atacado não foram repassadas para o varejo e, nesse sentido, para ele, "trata-se de um momento de perspectivas favoráveis".

O IGP-M é composto por três índices: o Índice de Preços por Atacado (IPA), com um peso de 60%; o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), com contribuição de 30%; e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), com 10%. Portanto, as oscilações nos preços no atacado têm grande peso na definição da taxa. Para Fábio Romão, economista da LCA, o resultado de fevereiro foi melhor do que apostava o mercado. "Já era esperado que o IGP-M de fevereiro viesse no azul. Mas os produtos industriais ainda apareceram em deflação, o que contribuiu positivamente para o resultado", comentou.

Em janeiro, recordou o economista da LCA, os preços dos produtos industriais registravam queda de 1,48%. Em fevereiro, a queda foi muito mais modesta, de 0,18%, o que representa uma "aceleração".

"Esses preços mantiveram a deflação, mas não na mesma magnitude", explicou Romão. Os itens que mais contribuíram para a composição do IPA industrial foram Veículos automotores, reboques, carrocerias e autopeças; Produtos derivados do petróleo e álcool; e Celulose, papel e produtos de papel.

No detalhe, Romão citou o comportamento do álcool. A categoria que reúne as várias formas do produto - e que em janeiro já subira 2,63% - apresentou alta de 4,82% em fevereiro. Também a categoria de celulose, papel e produtos de papel trilhou uma alta acentuada, passando de uma deflação de 4,37% em janeiro para uma alta de 0,85% este mês. A boa notícia ficou por conta do comportamento dos produtos agrícolas no atacado. Segundo Romão, apesar de uma alta de 1,25% em fevereiro (maior, portanto que a de 0,55% em janeiro), em relação aos resultados das duas semanas passadas, quando o IGP-DI (2,07%) e o IGP-10 (3,24%) foram divulgados, a taxa representa uma descompressão." Esses preços já bateram no teto e não voltarão mais ao auge do ano passado". Para ele, a recuperação dos preços agrícolas no atacado, daqui para frente, tende a ser lenta e regular.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)(Ana Cecília Americano)