Título: Ministro contesta pessimismo britânico
Autor: Monteiro,Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 27/02/2009, Brasil, p. A7

Brasília, 27 de Fevereiro de 2009 - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, assegurou que a economia brasileira apresentará crescimento este ano e contestou as previsões pessimistas para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em decorrência dos impactos da crise financeira internacional. Ele se referiu à consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU) que prevê queda de 0,5% do PIB brasileiro em 2009. "Não acredito nessas previsões. Acredito que vamos ter taxas positivas, perseguindo a maior taxa de crescimento possível", disse Mantega, na tarde de ontem, na entrada do Ministério..

Para Mantega, os economistas estão estendendo as previsões pessimistas das economias dos Estados Unidos e Europa para o Brasil, que até então tem fundamentos sólidos para crescer. "A nossa situação é bem melhor do que a deles", declarou Mantega, que acrescentou que há setores no Brasil que continuam com resultado positivo a despeito da crise mundial.

Mantega evitou, porém, fazer previsões para a taxa de crescimento do País este ano e deu a entender que mudou o tom do seu discurso relação às ocasiões anteriores quando demonstrava confiança em dizer que a economia brasileira cresceria 4% este ano. "Vamos deixar o ano avançar um pouco, estamos ainda no primeiro trimestre", disse.

O ministro desconversou quando questionado se havia mudado a previsão do PIB para 2009: "Tenho repetido várias vezes que 4% não é uma mera previsão de economista. Essa é uma meta a ser alcançada a partir de um trabalho do governo". O ministro dessa vez admitiu que o País "depende de outras condicionantes" para atingir taxa de crescimento econômico de 4%. Uma delas seria a melhora do desempenho da economia dos Estados Unidos, a partir de medidas adotadas pelo governo local contra a crise. "Tudo isso ajudará a recuperar a economia mundial", afirmou.

Inadimplência

O ministro falou, ainda, do aumento da inadimplência do setor de automóveis em janeiro. O Banco Central revelou ontem que a inadimplência das operações de crédito destinadas a pessoas física atingiu 8,3% em janeiro, a maior desde maio de 2002, quando o pico atingiu 8,4%. O aumento foi puxado pelo índice das operações de empréstimos do setor automotivo. Mantega disse "ser natural" a taxa de inadimplência crescer no primeiro mês do ano, que concentra o pagamento de IPVA. Para o ministro, a elevação da inadimplência não reflete uma deterioração da economia. "Vi uma pequena elevação da inadimplência. E isso é natural que aconteça nesse período".

Mantega criticou o forte provisionamento do sistema financeiro depois da crise e disse que os bancos têm sido "pessimistas" nas previsões dos índices de inadimplência. "Os bancos estão emprestando menos para o meu gosto e deveriam baixar as taxas de juros; e os bancos sempre exageram nas previsões de inadimplência".

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 7)(Viviane Monteiro)