Título: Imposto maior para ricos, petrolíferas e financistas
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Fonte: Gazeta Mercantil, 27/02/2009, Internacional, p. A12
Washington, 27 de Fevereiro de 2009 - O presidente Barack Obama propôs aumentar em quase US$ 1 bilhão os impostos para os 2,6 milhões de americanos que ganham mais, para os financistas de Wall Street, as sociedades multinacionais do país, e as companhias petrolíferas, a fim de conceder vantagens fiscais permanentes para as pessoas de menor renda.
O projeto orçamentário de Obama para 2010, publicado ontem, irá restaurar em 2011 as duas maiores taxas tributárias da era do presidente Bill Clinton, de cerca de 36% e 39,6%, em substituição às de 33% e 35% que no momento os americanos mais ricos pagam. Aumentará os impostos sobre os ganhos de capital e os dividendos para 20% entre os contribuintes de maior renda, frente aos 15% fixados pelo ex- presidente George W. Bush em 2003.
O aumento de impostos, prometido por Obama quando candidato à presidência, será o primeiro para os contribuintes de alta renda desde 1993, e reverterá uma política fiscal, criada por Bush, de baixar os impostos para as pessoas mais ricas do país. "Trata-se de um claro repúdio à política do presidente Bush", disse Peter Morici, economista da Universidade de Maryland. "É outro exemplo do Obama Robin Hood."
Mas o orçamento de Obama mantém as reduções de impostos de Bush que beneficiam os contribuintes de baixa e média renda, assim como uma pequena parcela da política que favorece os ricos: uma taxa tributária preferencial sobre os dividendos das empresas. Antes de Bush, os dividendos eram classificados como renda comum, ou a taxas de 39,6% nos anos 90.
"Haverá uma forte oposição por parte do povo americano e dos republicanos da Câmara de Representantes com relação à ideia de aumentar os impostos durante uma recessão", disse Mike Pence, congressista de Indiana, terceiro na ordem de hierarquia da bancada republicana na Câmara, em entrevista. "Aumentar os impostos em período de recessão não é uma estratégia para a recuperação."
Pence disse que quase a metade dos americanos que ganham US$ 250 mil são pequenos empresários, e que o aumento projetado irá estrangular a já sufocada economia dos EUA. O congressista Jeb Hensarling, republicano do Texas, disse por e-mail, que "não se pode ajudar o desempregado castigando o gerador de empregos."
"O presidente Obama está sendo tão generoso com as pessoas de menor renda, que ganhar US$ 200 mil será como cair em um precipício", comentou Dustin Stamper, analista da Grant Thornton. "Pode-se criticar as reduções de impostos do presidente Bush que favoreciam os ricos, mas o que ocorre agora é punitivo", acrescentou.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 12)(Bloomberg News)