Título: São Paulo pelo olhar dos ex-governadores
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/03/2009, Brasil, p. A10
São Paulo, 4 de Março de 2009 - Um panorama histórico do estado mais rico do Brasil e seu contínuo desenvolvimento, a partir da experiência dos ex-governadores, foi traçado ontem durante o seminário "A Pujança de São Paulo - A Transição do Século XX para o Século XXI", promovido pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP).
Mediado pelo embaixador Rubens Ricupero, diretor da Faculdade de Economia da FAAP, o evento teve início com palestra do ex-governador Laudo Natel, que esteve no cargo em dois mandatos: entre 1966¿1967 e 1971-1975. Em tom bem humorado, Natel comentou ser o ex-governador mais antigo e mais velho do evento, já que deixou o governo há 34 anos. Como bancário, ressaltou que nunca aspirou ser político. No entanto, os contatos estabelecidos no meio empresarial e financeiro como diretor do Bradesco, da Associação Comercial e também do São Paulo Futebol Clube, acabou tornando-o conhecido e indicado para a vida pública.
Candidato com chapa própria para vice-governador em 1962, Natel foi eleito com mais de 1,2 milhão de votos, e assumiu o governo após a destituição de Adhemar de Barros, em 1966. Seu segundo mandato foi através do voto indireto, no período em que o Brasil foi governado pelo presidente Emílio Garrastazu Médici.
Paulo Maluf ressaltou que "o povo que não tem memória, não tem história" e que muito se orgulha de ter contribuído para que São Paulo tenha se tornado o mais progressista do País. Governador no período de 1979 a 1982, Maluf foi enfático ao dizer que em todos os 645 municípios paulistas têm obras suas e que, apesar da `corrida de revezamento¿ entre os candidatos e das diferenças políticas, "todos os governos de São Paulo realizaram trabalhos construtivos".
Alegando ter saído no prejuízo com seu tempo de gestão, já que assumiu em março de 1991 e deixou o cargo em dezembro de 1994, Luiz Antônio Fleury Filho falou sobre o período de grande dificuldade enfrentado em seu mandato. Em 1990, o Produto Interno Bruto nacional sofreu queda de 5%, a renda per capita caiu 6% e só a cidade de São Paulo apresentava 15% da mão-de-obra desempregada. "Imagina como é administrar um estado num período de instabilidade política e econômica. Houve três trocas de moeda, duas mudanças de plano econômico, queda de oito ministros da Fazenda, cinco presidentes do Banco Central e dois presidentes da República", argumenta Fleury.
Alckmin fechou o evento falando sobre sua atuação no governo de São Paulo nos dois mandatos - entre 2001 e 2006 - e nos investimentos em educação voltada à técnica. O ex-governador foi um dos fundadores do PSDB e atuou como vice-governador do Estado de São Paulo nos dois governos de Mário Covas (de 1994 a 2001), presidindo o Programa Estadual de Desestatização-PED, em 1996. Hoje é secretário de Desenvolvimento do Estado de São Paulo. Para ele, São Paulo tem grande diferencial competitivo, como produção de alta tecnologia, mas a carga tributária elevada - segundo Alckmin, de 36% do PIB - deve ser reduzida. "É preciso estipular metas para reduzir os tributos para 30% do PIB", complementa.Na segunda parte do evento, ontem à noite, participaram os ex-governadores Paulo Egydio Martins (1975-1979), Cláudio Lembo (2006), Orestes Quércia (1987-1991) e José Maria Marin (1982-1983).
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 10)(Redação)