Título: UE crescerá mais e os EUA, menos
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Fonte: Gazeta Mercantil, 22/09/2004, Internacional, p. A-11

Instituição explicou que efeito de cortes de impostos para americanos "está se esgotando". A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) elevou sua estimativa para o crescimento da Europa e do Japão em 2004, devido ao crescimento das exportações e dos investimentos do setor empresarial. A instituição reduziu sua previsão para os Estados Unidos, alegando que o efeito dos cortes dos impostos está "se esgotando". Os seis maiores membros da OCDE crescerão 3,6% este ano, estimativa superior à de maio passado, de 3,4%, disse Jean-Philippe Cotis, economista-chefe do órgão, em uma sessão de esclarecimentos semestral ocorrida em Paris. A retomada do crescimento mundial está auxiliando os países europeus, onde a "demanda interna ainda está titubeando, especialmente na Alemanha e na Itália", disse Cotis. No Japão, "o crescimento da demanda interna dependende enormemente dos investimentos das empresas".

O aumento da estimativa para o crescimento da economia mundial da OCDE corrobora comentários feitos por dirigentes de Bancos Centrais dos EUA, da Europa e do Japão no último mês. Segundo eles, a desaceleração da economia no segundo trimestre de 2004 e o aumento de 42% dos preços do petróleo este ano não impedirão a recuperação econômica.

Falando em Basiléia, Suíça, na segunda-feira passada, o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, disse que a recuperação da economia mundial está "confirmada" e que pode ter-se fortalecido no terceiro trimestre. A expansão européia alcançará 2% em 2004, contra 1,6% previsto anteriormente, disse a OCDE.

O crescimento do Japão pode atingir os 4,4%, contra a previsão anterior da OCDE, de 3%. Os gastos de capital das empresas japonesas aumentaram 10,7% no segundo trimestre deste ano, no quinto aumento consecutivo, segundo mostrou uma pesquisa do governo japonês divulgada este mês.

De acordo com a previsão da OCDE, o crescimento do Japão será superior ao dos EUA pela primeira vez desde 2001. O crescimento dos EUA pode chegar a 4,3%, abaixo da estimativa de maio da OCDE, de 4,7%, devido, entre outras coisas, ao "ritmo abaixo do normal" da geração de postos de trabalho, disse Cotis.

O ritmo da criação de vagas nos EUA alcançou a média mensal de 104 mil postos de junho a agosto, inferior à média de 225 mil nos primeiros cinco meses deste ano.

"Os altos preços do petróleo e a perda de fôlego das economias chinesa e norte-americana sugerem que o crescimento mundial deve ficar um pouco abaixo dos 4% anteriormente estimados para 2005", disse Michael Mussa, ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional e membro do Instituto para a Economia Internacional, em sua análise do panorama econômico apresentada em Washington na semana passada. Ele prevê um crescimento mundial de 5% para este ano. O Banco Central Europeu estima que as economias da zona do euro crescerão cerca de 2,3% em 2005, ritmo mais acelerado do que o 1,9% de 2004.

kicker: Os seis maiores integrantes da OCDE crescerão 3,6% este ano, cálculo superior ao de maio