Título: China amplia recursos para apoiar o campo
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/03/2009, Agronegócio, p. B9

Pequim, 6 de Março de 2009 - A China vai gastar mais 10 bilhões de dólares para ampliar suas reservas de commodities e também elevará os gastos com o apoio agrícola em 20% neste ano, medidas que devem sustentar os preços locais dos grãos e impulsionar os mercados de metais e petróleo.

À medida que vem se esforçando para manter sua meta de crescimento econômico de 8% em meio a uma desaceleração global que reduziu a demanda por suas exportações, a China está usando mais dinheiro para manter a renda agrícola e garantir o aumento de receitas para uma maioria rural que agora inclui milhares de trabalhadores desempregados retornando das regiões costeiras.

O país também elevou drasticamente seu orçamento para comprar a oferta excedente de produtos que vão de grãos a metais e petróleo. O orçamento irá aumentar os gastos com reservas de grãos, óleos comestíveis e outros materiais em 61%, para 178,1 bilhões de iuans (US$ 26 bilhões), ou 4,1% do seu orçamento, anunciou ontem o Ministério da Economia

Isso inclui 78,341 bilhões de iuans (US$ 11,5 bilhões) para estimular a demanda doméstica ampliando as reservas de produtos importantes como grãos, óleos comestíveis e instalações para armazenamento.

A China já tem comprado commodities em falta no país como cobre, petróleo e soja e está ajudando produtores de outras mercadorias com excesso de estoques, como a alumínio, zinco e algodão, ao comprar sua produção a um preço acima do mercado.

"O principal objetivo do anúncio do governo chinês é injetar confiança nos mercados. Os comentários terão um impacto bem maior sobre o sentimento do que sobre o consumo, certamente nos próximos meses", disse o analista da Barclays Capital, Yingxi Yu. Autoridades chinesas não alcançaram esse objetivo. os mercados mostraram profunda decepção com o pacote anunciado. A maioria das commodities se desvalorizaram ontem nas bolsas internacionais (ver abaixo).Os gastos com agricultura, áreas rurais e produtores em 20%, para 716,1 bilhões de iuans (US$104,6 bilhões), com pagamentos diretos 26% maiores a produtores de grãos.

Expropriação na Venezuela

A principal companhia de alimentos da Venezuela, Empresas Polar, solicitou nesta quinta-feira uma negociação com o governo após o presidente Hugo Chávez ter ameaçado tomar o controle da empresa e expropriado uma unidade da gigante norte-americana Cargill.

Com as ameaças e a ação contra a Cargill, Chávez retomou um processo de nacionalização apenas semanas depois de ter vencido um referendo permitindo sua reeleição sem limites.

Chávez ameaçou na quarta-feira tomar o controle da Polar depois de ter enviado tropas para assumir alguns engenhos de arroz da companhia que não tinham uma produção suficiente de grãos segundo as regulamentações de preço do Estado.

"Nós defendemos que a melhor maneira de aumentar a produção de comida venezuelana é através do diálogo e da colaboração mútua entre o governo, produtores agrícolas e consumidores", disse ontem a Polar, em resposta à ameaça de Chávez.

Chávez tem frequentemente cumprido suas ameaças de nacionalização, tomando companhias de petróleo, eletricidade, aço, cimento e telecomunicações. Às vezes, no entanto, as companhias ameaçadas tem evitado as ações do governo ao seguir as demandas do presidente venezuelano.

O presidente é bastante popular entre a população menos abastada por pressionar as companhias para produzirem mercadorias baratas e pelos programas de governo que provém subsídios às cidades mais pobres.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 9)(Reuters)