Título: Celesc anuncia plano para reduzir custos e seguir exigência da Aneel
Autor: Wilke,Juliana
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/03/2009, InfraEstrutura, p. C3

Florianópolis, 6 de Março de 2009 - A Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) anunciou ontem um amplo enxugamento da máquina que inclui uma série de cortes de gastos e de cargos para colocar a estatal no padrão de empresa-referência, como prevê a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Um dos indicadores que mostram o distanciamento da Celesc deste modelo é o custo operacional por consumidor, de R$ 306 mensais, enquanto que o exigido pela Aneel é de R$ 200/mês, uma das mais altas do setor.

A estatal acredita atingir este valor antes de 2012, que é o prazo máximo. O presidente da Celesc Distribuição, Sérgio Alves, diz que a previsão é até o fim de 2010, início de 2011. "Além de não termos concorrência, ainda temos uma empresa-referência, que diz como você deve ser e seu tamanho ideal". Entre as metas estabelecidas estão reduzir o estoque da dívida acima de 180 dias para R$ 50 milhões em 2009 e para R$ 25 milhões em 2010, e gerar fluxo de caixa operacional de R$ 194,4 milhões ainda este ano.

A empresa precisa adequar-se aos requisitos impostos pela Aneel também para renovar a concessão que vence em 2012. Até lá pretende investir R$ 1,22 bilhão, sendo R$ 306 milhões em 2009, principalmente na automação e melhoria de redes, construção da subestação Agronômica, de linhas subterrâneas e interligação do sistema elétrico Continente-Ilha.

O presidente da Celesc Holding e da Celesc Geração, Eduardo Pinho Moreira, diz que a Celesc Distribuição estava sendo confundida com as outras (Distribuição e Holding) e a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) e o próprio Conselho de Administração solicitaram um posicionamento claro sobre as estruturas. A estatal só se dedicava à distribuição até 2007. Depois desverticalizou as operações e ingressou na área de geração. Ambos os negócios ficaram sob o controle da holding.

Segundo Moreira, por meio da empresa-referência, que é virtual, a Aneel verifica o tamanho da empresa e determina o número de postes, de clientes, número de empregados, de veículos e qual deve ser a rentabilidade que ela deve ter. Por meio desta referência é que a Aneel faz a revisão tarifária a cada quatro anos, a revisão anual e autoriza os investimentos. Os valores que estiverem fora dos padrões regulatórios não serão remunerados na tarifa.

Outras medidas

Entre as medidas adotadas pela Celesc estão o corte de um terço dos 2.800 funcionários terceirizados e a redução de 396 para 150 estagiários. As horas extras e gratificações serão limitadas e ações internas como controle maior da conta telefônica, de uso de celulares e de veículos. Uma diretoria, a Jurídica, já foi extinta esta semana.

Está em estudo um programa de demissão voluntária programada, já que nas 16 agências regionais serão extintas as áreas de contabilidade, recursos humanos e faturamento e com a implantação de Sistemas Integrados de Gestão Empresarial (ERP) estes serviços ficarão centralizados na sede. O estudo que reorganiza a estrutura da empresa foi preparado pela consultoria Galeazzi & Associados, de São Paulo.

Apesar da crise, a Celesc não registrou retração do consumo nos últimos meses. Em fevereiro, apurou crescimento de 0,3% em relação ao mesmo mês de 2008. O presidente da Celesc Distribuição, Sérgio Alves, não acredita em queda de consumo porque os investimentos em Santa Catarina seguem seu curso normal, apenas com alguns postergamentos.

Alves promete adotar linha dura com inadimplentes, embora o índice, de 2,6% esteja próximo do exigido pela Aneel, de 2,5% para até 90 dias de atraso no pagamento. "O objetivo é controlar os gastos e viabilizar os investimentos para melhorar o atendimento." Segundo ele, a estatal efetuou cortes em mais de uma empresa de grande porte este ano "que ficou sem luz tempo suficiente para vir acertar a conta".

Sexta maior em distribuição

A Celesc é a sexta maior distribuidora de energia do País, a segunda maior arrecadadora de ICMS do Estado (fica atrás, apenas, da Petrobras). Responde por 92% da demanda de energia elétrica de SC, atende mais de 2 milhões de clientes em 257 municípios e foi eleita, várias vezes, pelos consumidores, como a melhor distribuidora de energia do país. A receita operacional líquida da empresa em 2007 foi de R$ 3,16 bilhões. O balanço de 2008 ainda não foi divulgado.

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 3)(Juliana Wilke)