Título: Oposição diz que governo usa data a favor de Dilma
Autor: Moura,Norma
Fonte: Gazeta Mercantil, 10/03/2009, Brasil, p. A8

Brasília, 10 de Março de 2009 - O governo nega. O PT nega. Mas a oposição garante que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não perde uma oportunidade para catapultar a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à presidência da República em 2010. A prova, segundo a oposição, seria a onipresença da ministra no fim de semana de perambulações por obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), além de sua presença no Fórum Social Mundial em Belém, quando o PT organizou uma mesa para debater, justamente, a situação das mulheres na política.

O Planalto bate na tecla da necessidade de maior representatividade feminina no Poder, algo ainda incipiente como mostra a pesquisa do Ibope sobre o tema. E o discurso cai como uma luva para a ministra de maior destaque do governo, que tem contado até com a forcinha da agenda presidencial. Sem desprezar esse poderoso gancho, o presidente Lula marcou presença ontem em Brasília no seminário Mais mulheres no Poder : uma questão de democracia. Enquanto o presidente aproveita sua popularidade para emprestar carisma à imagem da pré-candidata do PT à disputa eleitoral do próximo ano, a oposição vocifera contra o que vem classificando como campanha eleitoral antecipada.

"É ilegal o que está sendo feito. É campanha eleitoral, nada a ver com gestão", protesta o líder do PSDB na Câmara, deputado José Aníbal. "Vamos saber se essas viagens em jatos da FAB para obras do PAC serviram também para comemorações do Dia Internacional da Mulher e agenda política. Caso isso tenha acontecido, ela terá de devolver o dinheiro", anuncia Aníbal.

O partido da ministra devolve as acusações de campanha fora de hora. "Quem está fazendo campanha antecipada é o PSDB", acusa o líder do PT na Câmara, deputado Cândido Vacarezza, referindo-se à disputa entre os governadores José Serra e Aécio Neves para a escolha do candidato tucano à presidência. "É natural que a ministra mais importante do governo viaje para fiscalizar as obras", defende o petista.

A oposição discorda e acusa o governo de usar o PAC para fazer propaganda eleitoral. "Afora a propaganda, não sobrou nada dos cerca de R$ 22 bilhões do programa. Apenas 0,6% do orçamento do PAC foi executado até agora", critica Aníbal.

Para o cientista político da Universidade de Brasília (UnB) Leonardo Barreto, toda a movimentação dos últimos meses tem mesmo forte característica eleitoral. "A Dilma é uma primeira-ministra do governo. Tudo o que puder ser faturado em nome dela será feito pelo PT e o governo", avalia Barreto.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 8)(Norma Moura)