Título: Protógenes é suspeito de grampo ilegal e CPI pode ser reaberta
Autor: Mazzini, Leandro ; Quadros,Vasconcelo
Fonte: Gazeta Mercantil, 09/03/2009, Brasil, p. A8

Reportagem da revista Veja deste fim de semana informa que o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz usou métodos ilegais para investigar autoridades. Entre os alvos estariam a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), o ex-ministro José Dirceu, o governador de São Paulo, José Serra, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, o filho do presidente Lula, o empresário Fábio Luiz da Silva, entre outros.

A denúncia fez com que o presidente da Câmara, Michel Temer, convocasse para hoje uma reunião com a cúpula da CPI. Já o presidente da CPI, Marcelo Itagiba, disse que pedirá a prorrogação da comissão por 60 dias para que os parlamentares analisem os documentos da Polícia Federal que investiga possíveis abusos do delegado Protógenes. O material chegou à CPI quinta-feira à noite, enviado pela Justiça Federal de São Paulo. A comissão havia encerrado seus trabalhos na última semana e dava indícios, no relatório, de que a espionagem de Mendes e Demóstenes Torres poderia não ter ocorrido.

Protógenes ficou conhecido durante a Operação Satiagraha, que prendeu o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, o ex-prefeito Celso Pitta e o investidor Naji Nahas. Apesar da projeção nacional, foi afastado da investigação e virou alvo de um inquérito da PF que apura eventuais excessos do delegado no curso da operação.

Segundo a matéria, a PF teria descoberto no computador pessoal e pen drive de Protógenes informações sobre investigações ilegais cometidas pelo delegado. A revista diz que, nos documentos encontrados na casa dele, há relatórios que levantam suspeitas sobre atividades de ministros, fotos comprometedoras que foram usadas para intimidar autoridades e gravações ilegais de conversas de jornalistas. Protógenes, que viajou para Pernambuco e costuma usar seu blog para rebater acusações, não comentou a denúncia até a noite de ontem.

Fim da CPI

O relatório final da CPI dos Grampos, do deputado Nelson Pelegrino foi concluído com o indiciamento de personagens secundários e não contém uma linha apontando indícios de que Mendes e Torres tenham sido grampeados. O presidente da CPI, Itagiba, em voto separado, vai propor o indiciamento de dois ex-dirigentes da Abin, delegado Paulo Lacerda e José Amilton Campana, o delegado Protógenes Queiroz, e do banqueiro Daniel Dantas.

Iniciadas há sete meses, as investigações da Polícia Federal também patinam e, se fossem concluídas hoje, o relatório do delegado William Morad indicaria que não é possível afirmar nem que houve o grampo. Durante todo esse tempo peritos analisaram equipamentos e registros eletrônicos, mas não encontraram vestígios do grampo. O que pode ser comprovado com fartura de dados é que os sistemas telefônicos do Senado e do STF são frágeis e, portanto, alvos fáceis de espiões.

"Não tivemos acesso ao áudio da conversa", diz o delegado. Ele explica que sem a gravação original é impossível afirmar que Mendes e Torres foram vítimas da espionagem. A transcrição publicada pela revista Veja em agosto de 2008 poderia ser resultado de uma gravação normal de uma conversa ou de um texto produzido por alguém que teve acesso ao diálogo entre as duas autoridades.

(Gazeta Mercantil/Caderno A -