Título: Esquema suspeito
Autor: Taffner, Ricardo
Fonte: Correio Braziliense, 23/03/2011, Cidades, p. 37

A suspeita que recai sobre a família Roriz no caso da compra de imóveis do Residencial Monet foi levantada a partir de uma ação civil pública movida pela Promotoria de Defesa do Consumidor do Ministério Público. O foco era defender o direito de proprietários que compraram unidades no empreendimento, mas corriam o risco de perderem seus patrimônios em função das pendências judiciais envolvendo a empresa. As investigações avançaram e o MP acabou esbarrando em um suposto esquema de favorecimento da família Roriz. A partir de depoimentos, o MP descobriu que algumas das unidades do Residencial Monet estavam em nome de pessoas ligadas a Roriz, como as duas filhas do ex-governador: a deputada federal Jaqueline Roriz (PMN) e Wesliane Roriz.

O passo seguinte dos trabalhos revelou a principal evidência contra os compradores ligados a Roriz. Inspeções técnicas feitas a pedido do ministério não comprovaram a movimentação financeira na quantia alegada pelos supostos compradores. Um dos contratos suspeitos é o de compra e venda do apartamento 301 do Monet. A unidade está no nome da JJL Administração e Participação Ltda., empresa representada por Wesliane Roriz. Ela assina o contrato como compradora do imóvel.

Mas existe outro contrato referente à propriedade da mesma unidade 301 assinado desta vez por Álvaro Leme, que trabalhava como veterinário na Fazenda Palmas, do ex-governador. Em depoimento, Leme disse que o apartamento foi cedido como parte das condições de trabalho oferecidas por Roriz. Sua mulher, Solange Leme, contradisse o marido ao afirmar que o apartamento havia sido cedido como parte do pagamento de ¿créditos¿ que Álvaro tinha com Roriz. A negociação envolvendo a unidade 803 também foi considerada suspeita, já que o suposto comprador seria Joarez Evaristo Mendanha,mas os arquivos da administradora do Residencial Monet revelam que a real proprietária é Jaqueline Roriz. Também nessa transação o MP não identificou o valor indicado no contrato como depositado nas contas-correntes da empresa WRJ.