Título: Mantega admite crescimento menor em 2009
Autor: Monteiro,Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 11/03/2009, Brasil, p. A5
Brasília, 11 de Março de 2009 - A equipe econômica do Ministério da Fazenda começou a refazer a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano em razão da queda significativa (-3,6%) no último trimestre de 2008. O resultado frustrou as expectativas do quadro técnico do ministério. Não há uma nova previsão oficial do ministério, mas os técnicos acreditam que a tendência é de crescimento em torno de 2% do PIB, apurou a Gazeta Mercantil.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu ontem que a economia não conseguirá crescer 4% este ano e disse que tal projeção será revisada. "Com o resultado do PIB no quarto trimestre de 2008 ficou difícil atingir aquela meta (4%), da qual eu vinha falando. Porém, o governo continuará tomando as medidas necessárias para que a economia brasileira tenha o melhor desempenho possível (em 2009)", disse o ministro. Segundo Mantega, ainda é cedo para falar em novas projeções do produto nacional, diante da forte volatilidade tanto na economia brasileira como na internacional. Ele espera o quadro econômico ficar "mais definido" para revelar a nova projeção.
No entanto, o ministro assegura que a economia brasileira crescerá este ano acima das previsões do mercado. A última pesquisa Focus do Banco Central prevê crescimento de 1,2%, enquanto a Confederação Nacional da Indústria (CNI) já estima taxa próxima a zero em 2009.
Diante do resultado negativo do PIB, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai cobrar agilidade da equipe econômica do governo nas medidas de estímulo à economia. Em entrevista à Gazeta Mercantil, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que conversou com o presidente Lula ontem, pela manhã, sobre o resultado negativo do PIB do último trimestre de 2008. Na conversa, Bernardo disse que o presidente concordou que a economia brasileira ainda registrará um resultado "ruim" no primeiro trimestre deste ano, mas em menor magnitude do que o do trimestre anterior (-3,6%). O ministro não descartou a hipótese de haver uma nova queda do PIB neste trimestre, o que causaria a chamada recessão técnica. Ou seja, dois trimestres consecutivos de queda na economia. "Pode ser negativo (PIB). O resultado não será bom porque os indicadores que tivemos em janeiro ainda mostram a atividade econômica reprimida", afirmou. O ministro adiantou que o governo não trabalha com a hipótese de a economia nacional apresentar recessão em 2009. Durante a conversa, segundo Bernardo, Lula disse que cobrará "de toda equipe econômica agilidade" nas medidas de estímulo à economia e analisará o desempenho das medidas já adotadas para ver se "estão dando resultado".
As novas projeções do governo para o PIB incluídas nos cálculos do Orçamento da União, que atualmente prevê crescimento superior a 3%. Sobre o orçamento, Mantega afirmou que ele será revisado e haverá cortes de despesas correntes. "Devemos anunciar em 20 deste mês um contigenciamento. Vamos cortar despesas correntes. E rever todo o Orçamento", destacou Mantega. A este jornal, Bernardo não falou de novos cortes no Orçamento. Apenas disse que as duas pastas se reunirão nos próximos dias para "fechar o relatório" orçamentário. "Já fizemos cortes de R$ 35 bilhões e vamos trabalhar a partir desses números", declarou.
Mantega, porém, disse que, por enquanto, o governo não "cogita" reduzir a meta do superávit este ano, em 3,8% do PIB, mais o adicional de 0,5% do Fundo Soberano do Brasil (FSB) para viabilizar o aumento dos gastos públicos para estimular a economia.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Viviane Monteiro)