Título: FMI prevê desaceleração mundial ainda neste ano
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Fonte: Gazeta Mercantil, 11/03/2009, Internacional, p. A17

DAR ES SALAAM E BRUXELAS, 11 de Março de 2009 - Pela primeira vez em décadas a economia mundial vai sofrer uma desaceleração este ano, advertiu ontem o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn.

"O FMI prevê um crescimento mundial abaixo de zero para este ano, o pior resultado na maior parte de nossas vidas", afirmou Strauss-Kahn na abertura de uma conferência sobre o impacto da crise econômica no continente africano, celebrada em Dar-es-Salaam, capital da Tanzânia.

A contínua falta de financiamento das instituições financeiras internacionais, "combinada a uma queda da confiança das famílias e das empresas, mina a demanda interna em todo o mundo", acrescentou Strauss-Kahn.

O ex-ministro das Finanças francês havia indicado em fevereiro que o crescimento mundial em 2009 seria nulo. As expectativas mais recentes do FMI, divulgadas em janeiro, antecipavam um crescimento mundial de 0,5% este ano.Mas com o agravamento da crise em todo o mundo, o chefe do FMI indicou que as novas perspectivas provavelmente apontarão para um crescimento negativo pela primeira vez em seis décadas.

O Banco Mundial (Bird) também antecipou no último domingo que a economia mundial se contrairá este ano pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial.

"Tudo nos leva a pensar que quando anunciarmos nosso próximo pacote de expectativas na sessão de primavera (do FMI e do Bird), ou seja, em abril, falaremos de um crescimento mundial negativo pela primeira vez em 60 anos", disse Strauss-Kahn a jornalistas. Na semana passada, ele indicou que não acredita que há possibilidades de uma recuperação mundial antes de 2010.

O FMI sofre de uma falta de financiamento em massa para enfrentar a crise, mas Strauss-Kahn se mostrou confiante que os planos para duplicar os recursos da instituição serão ratificados na Cúpula do G20 - grupo que reúne os países mais ricos do globo e os emergentes de maior importância no cenário mundial - que será realizada no próximo dia 2 de abril em Londres.

Ele lembrou que vários países concederam seu apoio a estes planos, entre eles o Japão, que ofereceu US$ 100 bilhões.

"Semana passada, líderes europeus se reuniram em Berlim e decidiram se comprometer a ir na mesma direção; também tivemos algumas discussões com alguns outros membros, então estou confiante de que quando chegar a cúpula, em abril, conseguiremos duplicar os recursos do FMI", afirmou.

Pouco depois de suas declarações, os ministros das Finanças da União Europeia (UE) aprovaram ontem um aumento provisório dos recursos financeiros do FMI, informaram fontes diplomáticas.

"É essencial que o FMI tenha os meios financeiros apropriados para ajudar os países particularmente afetados pela crise atual", afirmou um documento preparatório para reunião de cúpula do G20 aprovado ontem pelos ministros europeus.

"Os países membros da UE apoiam duplicar os recursos do FMI e estão dispostos a contribuir para um aumento temporário caso seja necessário", acrescentou o texto. O FMI destacou em várias ocasiões que seus recursos e sua capacidade de empréstimo aos países em dificuldades financeiras poderiam se esgotar com a continuidade da crise.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 17)(AFP)