Título: Aécio culpa Planalto pela força da crise no Brasil
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 15/04/2009, Brasil, p. A8

Belo Horizonte, 15 de Abril de 2009 - O governador Aécio Neves (PSDB) atribuiu ontem ao governo federal a intensidade da repercussão da crise internacional no Brasil, por conta da demora em perceber que as turbulências econômicas não eram "marolinhas, mas sim um gigantesco tsunami". "Quando acordamos para ele, quase um milhão de empregos havia evaporado no país, em decorrência da queda de produção", declarou o tucano.

O governador falou na abertura do seminário "Minas combate a crise", que teve como principal convidado o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Além da lentidão na tomada de decisões, Aécio lembrou que o governo federal não soube utilizar a época da prosperidade para fazer ajuste econômico que o Brasil necessita. "As despesas de custeio cresceram nos últimos seis anos em cerca de 75%, contra o crescimento do Produto Interno Bruto ao redor de 28%", declarou o presidenciável tucano.

Os vinte minutos de sua fala foram voltados praticamente contra o governo federal. Disse por exemplo que a administração federal não cumpriu sua obrigação de realizar uma reforma tributária adequada e por conta disso, o país apresenta uma das maiores cargas tributárias do planeta. "É evidente que ela é uma importante barreira ao avanço no crescimento econômico como um todo e ao desenvolvimento social, como conseqüência", declarou.

Aécio Neves se queixou de uma enorme concentração de impostos nas mãos do governo federal, que resulta em dificuldades para as prefeituras em momentos de crise como esse. Mesmo mostrando sua satisfação com a decisão do Palácio do Planalto de ampliar em R$ 1 bilhão o total dos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) previsto para este ano, para compensar a redução, ele considerou a medida um improviso. "Reformas improvisadas, quase sempre resultam em privilégios e distorções da estrutura produtiva", declarou.

O governador sugeriu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma revisão dos pagamentos das dívidas dos governos estaduais com a União, numa proposta em que o governo federal não necessitaria de abrir mão de um único vintém do seu crédito. Ele recomenda que parte dos 13% da receita corrente que os estados transferem para o governo federal a título de pagamento da dívida refinanciada junto ao Tesouro Nacional fosse devolvida aos estados em forma de investimentos em infraestrutura, sobretudo em rodovias.

O governador também manifestou satisfação com a decisão da direção estadual do PSDB, tomada anteontem, de considerar eleitores, para efeito das prévias, todos os filiados até 31 de dezembro de 2008. "Acho que é correto acolher os filiados do passado, jamais pode ser uma data para o futuro porque desencadearia um processo descontrolado de filiações que não seria bom para o partido", declarou o tucano.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 8)(Durval Guimarães)