Título: Troca no BB visa sintonia com interesses do País, diz Meirelles
Autor: Gumarães, Durval
Fonte: Gazeta Mercantil, 15/04/2009, Finanças, p. B1

Belo Horizonte, 15 de Abril de 2009 - O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou nesta terça-feira que a troca de comando do Banco do Brasil visou garantir que a instituição atue em sintonia com as "necessidades do país". Em evento na capital mineira, Meirelles também defendeu a atuação do BC na condução da política monetária e frisou a importância do equilíbrio macroeconômico.

"Evidentemente, o governo federal, controlador majoritário do Banco do Brasil, tomou a medida que seria adequada visando garantir o funcionamento da instituição, não apenas equilibrado e lucrativo, mas também sintonizado com as necessidades do país", afirmou Meirelles a jornalistas.

O governo anunciou na última semana a substituição de Antonio Francisco de Lima Neto por Aldemir Bendine na presidência do BB. A instituição vinha sendo pressionada a reduzir os juros cobrados dos clientes. As ações do banco caíram desde o anúncio da troca, com investidores temendo ingerência política na instituição e uma redução na lucratividade.

Segundo Meirelles, uma presença forte dos bancos públicos é um dos três pilares básicos da ação do governo para tentar fomentar o crédito e reduzir os spreads, que medem a diferença entre os custos de captação dos bancos e as taxas cobradas dos clientes finais. Os outros dois pilares seriam as garantias dadas a depositantes dos bancos pequenos e médios com recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) e a oferta de dólares, pelo BC, a empresas. Ambas as medidas já estão em vigor.

Na avaliação de Meirelles, a economia brasileira apresenta os primeiros sinais de recuperação. Ele citou como exemplo o comportamento da indústria automobilística, que produziu no primeiro trimestre os mesmos 271 mil veículos produzidos no mesmo período do ano passado.

O presidente do BC informou que outros setores da economia reagirão imediatamente, assim que começarem a receber encomendas dessa cadeia produtiva. O dirigente apresentou um grande número estatísticas para reforçar sua tese, com destaque para o aumento do consumo de energia elétrica, no mês de março, que já é idêntico ao do mesmo período de 2008. "O Banco Central tomou todas as decisões que deveria tomar e outras medidas ainda serão anunciadas."

Epidemia

Meirelles mostrou impaciência com os críticos que lhe receitam medidas tomadas por outros governos no combate à crise. Ele comparou a crise a uma epidemia e disse que cada país reage de acordo com suas circunstâncias. "Não adianta tomar todos os remédios receitados para cada um de cada um deles, pois os efeitos colaterais serão nocivos e, por conta disso, acabaremos substituindo uma crise externa de curta duração por uma crise interna de longa duração", explicou. Sobre juros, o presidente do BC afirmou disse que as taxas estão adequadas, lembrando que todos querem juros baixos.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Durval Guimarães e Reuters)