Título: Venda de óleo pesado não é um bom negócio
Autor: Cardoso, Denis
Fonte: Gazeta Mercantil, 15/04/2009, Infraestrutura, p. C2

São Paulo, 15 de Abril de 2009 - O Brasil não faz um bom negócio ao vender para o mercado norte-americano o seu petróleo bruto, que, por ser do tipo pesado, tem preço bastante inferior ao óleo leve, de maior valor agregado, segundo avaliação do consultor Humberto Viana Guimarães.

"Essa negociação não é nada atraente e deve-se exatamente à falta de refinarias para o petróleo pesado, pois, se tivéssemos um parque de refino, estaríamos vendendo derivados, que tem muito maior valor agregado", afirma o analista. "Faz 30 anos que a última refinaria foi inaugurada no Brasil", acrescenta.

Segundo Guimarães, em janeiro, o petróleo pesado brasileiro exportado para o mercado externo - que tem os Estados Unidos como principais compradores, com 95,7% das aquisições totais - foi vendido, em média, por US$ 27,78 o barril, enquanto o petróleo leve importado pelo Brasil atingiu um preço médio de US$ 46,74 por barril. "Ou seja, o petróleo leve importado custou 68,25% mais do que o pesado", compara.

Em janeiro deste ano, as exportações nacionais de petróleo alcançaram 12,369 milhões de barris, ou média diária de 399,017 mil barris, segundo Guimarães. Os dados representam aumento de 61% na comparação com janeiro de 2008, quando o País embarcou 7,682 milhões de barris, uma média diária de 247,822 mil barris.

No entanto, apesar de o Brasil ter elevado significativamente suas vendas de petróleo - sobretudo para os Estados Unidos -, a balança brasileira do setor ficou negativa em US$ 160,875 milhões no primeiro mês do ano, resultado da diferença entre importação de US$ 504,513 milhões e exportação US$ 343,637 milhões.

"A balança é deficitária exatamente por exportar petróleo mais barato e importar o mais caro", ressalta o analista Guimarães. "Embora a Petrobras tenha anunciado, em 2006, a independência na produção, o País continua tendo de importar petróleo".

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 2)(Denis Cardoso)