Título: BC é responsável pelo desemprego
Autor: Máximo,Luciano
Fonte: Gazeta Mercantil, 12/03/2009, Finanças, p. B1

São Paulo, 12 de Março de 2009 - O corte de 2 pontos percentuais, levando a Selic de 22% para 20% ao ano, em setembro de 2003, foi a decisão mais ousada do atual Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Tanto é que grande parte do mercado não acreditava em redução maior na reunião encerrada ontem e ficou satisfeito com a baixa de 1,5 ponto, para 11,25%, mesmo em um cenário diferente, com crise e queda do PIB. Quem não gostou nada, mais uma vez, foi o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que defende antecipação das próximas reuniões do colegiado do BC. Segundo ele, enquanto a Selic não chegar à casa dos 8%, o BC será o responsável pelo aumento do desemprego no País.

Gazeta Mercantil - Desta vez o sr. aceita a decisão do BC?

O problema não é aceitar ou não aceitar. A taxa de juro em 11,25% ao ano continua altíssima. O Brasil precisa de uma Selic de no máximo 8%. Enquanto não chegar nesse patamar continua errado.

Gazeta Mercantil - O que esperar da política monetária agora?

O Banco Central precisa colocar a reunião do Copom a cada 15 dias, antecipar a próxima reunião e reduzir mais 1,5 ponto percentual, 2 pontos até atingir 8%. Não dá para esperar mais 45 dias até a próxima decisão, porque estamos num momento bastante atípico, com desemprego crescendo, demanda em crise e crescimento desacelerando.

Gazeta Mercantil - Como a Fiesp justificaria uma Selic em 8% ao ano?

Existe um critério para isso. Se a inflação prevista para este ano está em 4%, 4,5%, uma taxa de 8% significaria colocar os juros reais em 3%. Mesmo assim continuariam sendo os mais altos do mundo, porque na crise todos os países já estão trabalhando com juros reais de 1%, 1,5%, 2%. Se essa demanda não for atendida, o BC que se responsabilize pelo desemprego no Brasil. Se tivermos que esperar mais 45 dias e continuar com uma taxa de 11,25%, o BC terá que se responsabilizar.

Gazeta Mercantil - Como a indústria irá amanhecer amanhã (hoje)?

No mesmo jeito que amanheceu hoje (ontem), com uma taxa de juros extremamente elevada. No dia em que a Selic chegar a 7%, 8%, a indústria vai amanhecer melhor. É bom que o BC aja nisso rapidamente.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Luciano Máximo)