Título: Mercado apreensivo
Autor: Ribas, Sílvio; Vieira, Marta
Fonte: Correio Braziliense, 24/03/2011, Economia, p. 12

O impacto financeiro da saída de Roger Agnelli do comando da Vale já vem sendo calculado pelo mercado. Para analistas, só um substituto de perfil muito distante do técnico poderia abalar a confiança dos investidores na gigante da mineração. Caso não ocorra grandes surpresas, eles acreditam que a companhia seguirá com forte crescimento, impulsionado pela aquecida demanda mundial por minério de ferro.

Diante dos movimentos do governo para substituir Agnelli, a expectativa é de que a presidente Dilma Rousseff mantenha a linha adotada em situações como a da Eletrobras e de outros órgãos públicos, nos quais optou por nomes sem viés ideológico. Uma solução interna é considerada a ideal. ¿A Vale tem planos ambiciosos, que precisam de continuidade. Se colocar um político que prefira fazer obra social no Maranhão, o valor da empresa será destruído¿, alertou Pedro Galdi, da SLW Corretora.

A mineradora prevê investimentos recordes de US$ 24 bilhões para este ano, boa parte no exterior, contrariando o governo, que prefere foco no Brasil e agregação de valor ao minério de ferro. ¿Agnelli tem visão diferente por não investir tudo no Brasil, que tem grande deficiência em portos e aroportos. É uma aventura investir num país assim¿, avaliou Miguel Daoud, sócio-consultor da Global Advisor.

Apesar das notícias sobre a sucessão, as ações da companhia não vêm sendo muito contaminadas pela sucessão de Agnelli. Depois de ter caído na véspera, as ações preferenciais da Vale subiram 1,47% ontem.