Título: Dilma cobra o BC e Palocci age
Autor: Nunes, Vicente; Allan, Ricardo
Fonte: Correio Braziliense, 24/03/2011, Economia, p. 15

Presidente indaga Alexandre Tombini sobre as divergências em relação à inflação. Ministro da Casa Civil conversa com investidores

A presidente Dilma Rousseff cobrou do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, explicações sobre as divergências entre a instituição e o mercado financeiro quanto aos rumos da inflação. Apesar de todos os sinais emitidos pela autoridade monetária de que a inflação começará a ceder a partir de abril em direção ao centro da meta definida pelo governo, de 4,5%, os analistas só pioram as suas projeções, apostando que o cenário traçado pelo BC é otimista demais.

O fosso aberto entre o banco e o mercado obrigou o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, a entrar no circuito e a conversar diretamente com representantes de instituições financeiras e investidores. A meta é convencê-los do compromisso governamental de controlar a inflação, combinando aumentos da taxa básica de juros (Selic) com medidas prudenciais para conter a oferta de crédito e, por tabela, o consumo. ¿Palocci está usando o prestígio que construiu como ministro da Fazenda para ajudar o BC na sua comunicação com o mercado. É preciso acabar com os ruídos e retomar urgentemente o controle das expectativas¿, disse um integrante da equipe econômica.

Tombini relatou à presidente o seu desconforto nos recentes encontros com economistas do mercado. Segundo ele, a maioria dos presentes chegou com teses prontas, sem qualquer disposição para ouvir as ponderações sobre os efeitos das medidas já tomadas pelo BC, como o aumento da Selic e o aperto no crédito. Tombini disse à Dilma que espera dissipar todas as dúvidas dos analistas com o relatório trimestral de inflação, que será divulgado no próximo dia 30. O documento é visto como um divisor de águas.