Título: Agências internacionais têm papel a cumprir
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 16/03/2009, Brasil, p. A6

16 de Março de 2009 - O que importa na discussão sobre o investimento brasileiro é que, desde 2002, o País tem registrado uma tendência de ascensão de sua taxa em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). Essa é a opinião de João Paulo dos Reis Velloso, fundador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e ex-ministro do Planejamento do País entre 1969 e 1979, ). Segundo ele, o investimento do País, apesar de ter crescido muito nos últimos anos, ante a resultados como os 16,4% do PIB em 2002 ou 15,3%, em 2003, ainda continua tímido.

"Mesmo que tenhamos os 20,9% em 2009 previstos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), esta é uma taxa baixa para o Brasil, em comparação com outras épocas", frisa ele, referindo-se à década de 70, quando a relação investimento e PIB variava entre 20 e 25%.

O economista que liderou a economia brasileira durante dois governos militares afirma que se, de fato, a taxa chegar a 19,7% este ano e a 20,9% em 2010, diante da crise internacional, será uma vitória expressiva da economia brasileira. Velloso, que prefere não arriscar previsões, contudo, defende que o que importa é que desde 2002 o País tem registrado uma tendência de ascensão da taxa de investimento.

No receituário do ex-ministro , para se garantir a manutenção do investimento em momentos de crise, o fundamental é garantir o crédito. "No momento, o financiamento que voltou à cena é mais caro. E isso torna mais importante o papel das agências internacionais de financiamento ao desenvolvimento, que mantêm linhas de longo prazo, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento ou o Banco Mundial", argumenta.

Velloso propõe, ainda, a manutenção da renda de setores vitais da economia, como construção civil, indústria automobilística e o agronegócio. Para ele, o momento exige um esforço extra, que vai além da garantia do financiamento de projetos. "Precisamos, mesmo, é atrair o investimento direto, pois existem oportunidades no Brasil, enquanto em outros países o cenário é de dar pena", resume. Velloso defende um maior empenho na promoção das oportunidades existentes na exploração do petróleo na camada do pré-sal, no avanço na construção de uma matriz energética mais promissora - com novas hidrelétricas na Amazônia e o desenvolvimento da bioenergia -, e na transformação do País em um centro internacional de tecnologia da informação e de telecomunicações. "Este último, por sinal, é um setor que continua empregando, independente dos efeitos da crise", ressalta.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(A.C.A.)