Título: Brasil apresentará crescimento neste ano, diz Delfim Netto
Autor: Vizia,Bruno De
Fonte: Gazeta Mercantil, 16/03/2009, Brasil, p. A7

São Paulo, 16 de Março de 2009 - O Brasil terá um Produto Interno Bruto (PIB) positivo este ano, mas é pouco provável que o crescimento ultrapasse a faixa dos 2%. A previsão é do economista e ex-ministro Delfim Netto, que visualiza um crescimento do PIB "entre 1,5% e 2,2%, não mais que isso, e no melhor dos cenários". A estimativa contraria a opinião de alguns economistas que projetam PIB negativo para o País este ano.

Sobre o desempenho do PIB do quarto trimestre do ano passado, Delfim brincou ao afirmar que "a boa notícia é que o mundo não vai acabar, mas teremos uma queda muito profunda da atividade neste ano". Na semana passada foi divulgado o PIB dos últimos três meses de 2008, que apontou queda de 3,6% na comparação com o trimestre anterior, resultado pior do que o esperado pela maioria dos analistas, que, por conta disso, reduziram as projeções de crescimento para 2009 .

Pré-sal

Ao comentar as possibilidades de crescimento do País nos próximos anos, Delfim afirmou que o Pré-sal foi um "bônus que o Brasil ganhou", e disse que a descoberta da reserva petrolífera é uma estrada que pavimentará o crescimento do País nos próximos 25 anos. O economista afirmou que as reservas superam os 7 bilhões de barris, e que o petróleo não será usado para transporte, "pois o Brasil já usa outros combustíveis para isso".

A intenção, disse o ex-ministro, que também é conselheiro informal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é que o Brasil não se torne um exportador de petróleo. "O petróleo será usado aqui para resolver dois potenciais problemas que podem atrapalhar nosso crescimento, que são a crise de energia ou dificuldades no balanço de pagamentos", disse o economista, na última sexta-feira em São Paulo, durante palestra promovida pela Associação Paulista de Supermercados (APAS).

Banco Central

Delfim não poupou críticas à atuação do Banco Central (BC) antes e durante a crise. Sobre a redução de 1,5 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic) promovida pelo Comitê de Política Monetária na reunião da última quarta-feira, o ex-ministro classificou a medida como positiva, mas fez questão de lembrar que "o Brasil teve o maior aumento da taxa real de juros no mundo nos últimos 2 anos", declarou.

Para Delfim, o Banco Central foi extremamente lento ao iniciar a atuação contra a crise. "Eles estavam olhando o Produto Potencial e a inflação, quando o problema era outro", disse, acrescentando que faltou ao BC dar conforto bancário ao sistema financeiro nacional no início do agravamento da crise, em setembro. "O BC permitiu que o crédito fosse interrompido", argumentou Delfim, "e isso atrapalhou a confiança, que é um dos fatores fundamentais da economia, principalmente em épocas de turbulência", concluiu.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 7)(Bruno De Vizia)