Título: Países ainda procuram o melhor remédio para a recessão
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Fonte: Gazeta Mercantil, 16/03/2009, Internacional, p. A15

Horsham (Grã-Bretanha), 16 de Março de 2009 - Ministros da Fazenda do G20, que reúne grandes economias desenvolvidas e em desenvolvimento, prometeram no sábado tomar todas as ações necessárias para proteger grandes instituições financeiras, reparar o sistema financeiro global e reavivar o crédito. Isso incluirá manter apoio à liquidez, assegurar que os bancos tenham capital adequado e lidar com ativos debilitados, afirmaram os ministros em comunicado após reunião de preparação para encontro presidencial previsto para 2 de abril.

Eles também disseram que os bancos centrais manterão políticas expansionistas pelo tempo que for necessário e que os compromissos fiscais já anunciados serão implementados sem atrasos.

Os ministros também prometeram recursos ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para ajudar países em dificuldades e disseram que usarão todo o seu poder monetário e fiscal para combater a pior crise financeira em décadas. "Estamos comprometidos em entregar a escala necessária de esforço sustentado para restaurar o crescimento", afirmaram os ministros em um comunicado conjunto do G20.

Separadamente, o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Gordon Brown, disse que "mudanças enormes" estavam prestes a acontecer na regulação dos mercados financeiros, notavelmente na supervisão de hedge funds e em outras áreas hoje apenas levemente reguladas.

O comunicado, divulgado pelos ministros depois de suas conversações para preparar encontro presidencial do G20 em 2 de abril, disse que os hedge funds devem ser registrados e prestar informações que permitam um controle do risco. Ele disse que a prioridade máxima agora é fazer com que o crédito volte a fluir.

Os ministros essencialmente passaram por cima de divergências em relação à ênfase e urgência a ser dada aos gastos públicos como medida anticrise de um lado e regulação de outro. Não houve também uma posição mais clara dos Estados Unidos sobre como o país planeja colocar em ordem a massa falida dos bancos, o que muitos dizem ser essencial para fazer a economia mundial andar novamente.

Esse fato mudou o foco primário para o esforço de assegurar garantias de que o FMI, o Banco Asiático de Desenvolvimento e outras agências tenham poder financeiro para ajudar os países em dificuldade. "Precisamos de um compromisso de que eles farão o que for necessário e por quanto tempo for necessário para apoiarem as economias", afirmou Alistair Darling, ministro das Finanças britânico, anfitrião do encontro em um luxuoso hotel no interior do país.

Talvez ciente do êxodo massivo de recursos que ocorreu durante a crise asiática da década de 1990, Darling acrescentou: "Realmente precisamos tomar medidas para impedir que danos sejam causados às economias emergentes, que estão vendo o dinheiro sair dos seus sistemas".

"A comunidade internacional precisa se unir para combater o declínio (econômico) e criar uma base para um futuro sustentável", disse o ministro das finanças britânico, Alistair Darling, em um artigo no The Wall Street Journal de sexta-feira. "Nós precisamos fazer três coisas: impulsionar a demanda, reformar a regulamentação Financeira do sistema global e aumentar os recursos do FMI"

O FMI gastou quase US$ 50 bilhões ajudando países do Leste Europeu nos últimos meses e está pedindo que seus fundos de auxílio sejam duplicados para US$ 500 bilhões, enquanto o Banco Asiático de Desenvolvimento também espera mais recursos.

Brasil, Índia, China e Rússia apoiaram o pedido. "É imperativo que instituições financeiras multilaterais expandam seus empréstimos para compensar o grande declínio", disse um comunicado feito por estes países, que juntos formam um grupo de emergentes conhecido como BRIC.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 15)(Reuters)