Título: Colômbia privilegia os acordos comerciais
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Fonte: Gazeta Mercantil, 16/04/2009, Word Economic Forum, p. A22

Rio de Janeiro, 16 de Abril de 2009 - A Colômbia poderia fazer o mesmo movimento que a Venezuela em direção ao Mercosul se não houver um avanço nos acordos comerciais da Comunidade Andina das Nações (CAN), afirmou o presidente colombiano Alvaro Uribe. "O Mercosul vem ganhado mais força do que a CAN e não vejo nenhum problema de que, algum dia, os países se unam em um único bloco", declarou Uribe, um dos poucos presidentes da América Latina presentes ao encontro regional para a região realizado pelo World Economic Forum (WEF) no Rio de Janeiro, para um pequeno grupo de jornalistas e jovens líderes do Fórum. Iniciado ontem, o evento, que reúne cerca de 300 principais executivos das maiores empresas do País, termina hoje.

"Os acordos de livre comércio são paradoxais, pois se não se reconstruir toda a fortaleza dos acordos da CAN, talvez todos nos encontraremos em um acordo CAN-Mercosul. Mas como estão as coisas hoje, historicamente, todos os países da CAN já possuem algum acordo com o Mercosul e estão avançando em acordos bilaterais, como com a União Europeia", disse Uribe, acrescentando que a Colômbia, paralelamente, tem como política ampliar o número de acordos de livre comércio, passando de 4 para 45 até o final do governo, citando como exemplo Chile, Canadá e países da América Central.

Popularidade elevada

O presidente colombiano, que tem um dos mais altos índices de popularidade na América Latina, procurou destacar que seu governo vem adotando politicas anticíclicas para combater os efeitos da crise financeira mundial. No entanto, ele não descartou a possibilidade de o país poder fazer como o México e buscar uma linha de financiamento junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI), como fez recentemente o México. "Colômbia terá que se financiar para evitar comprometer o futuro", disse ele, ressaltando que, no momento, o país não precisa de um empréstimo.

Uribe não perdeu a oportunidade de destacar suas ações à frente do governo colombiano. "Estamos investindo, nos últimos três anos, cerca de 26% do Produto Interno Bruto (PIB), e vamos procurar aumentar esse percentual para garantir a manutenção do crescimento da economia interna. Esse percentual precisa ser maior", afirmou ele, destacando as reformas que o governo dele realizou, conseguindo reduzir o déficit fiscal de 48 para 22% do PIB, assim como as iniciativas de combate ao narcotráfico com o objetivo de aumentar a segurança e assegurar a democracia. Além disso, ele buscou ressaltar que "o sistema financeiro colombiano está em boas condições diante dessa crise global".

Boa situação

"Colômbia está em uma boa situação diante dessa turbulência mundial e vem ganhando posições no ranking de competitividade na região nos últimos dois anos", afirmou.

Ao ser questionado se ele e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva Lula iriam pedir juntos o fim do embargo econômico a Cuba ao líder do governo dos Estados Unidos, Barack Obama, durante a Cúpula das Américas (nos próximos dias 17 a 19, em Trinidad e Tobago), Uribe disse que não iria comentar o assunto. "Não posso antecipar nada", disse.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 22)(Rosana Hessel)