Título: Após ajuste, mercado de trabalho deverá crescer menos este ano
Autor: Saito,Ana Carolina
Fonte: Gazeta Mercantil, 19/03/2009, Brasil, p. A5

São Paulo, 19 de Março de 2009 - Após o forte ajuste entre novembro do ano passado e janeiro de 2009, o mercado de trabalho formal deve apresentar saldos mensais positivos daqui para frente, embora em patamares bem inferiores aos registrados no ano passado. A previsão da LCA Consultores é de que serão criados de 50 mil postos com carteira em março, o que representa apenas um quarto das 200 mil vagas geradas em igual período do ano passado e metade da projeção feita ontem pelo ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi para este mês.

Para o economista Fabio Romão, da LCA, boa parte do ajuste no emprego se concentrou no trimestre encerrado em janeiro. Em fevereiro, conforme dados divulgados ontem pelo governo, o Brasil gerou cerca de 9 mil vagas, depois de três meses seguidos de fechamento de postos. Na avaliação de Romão, a tendência é que o setor de serviços continue a apresentar resultados positivos, embora menores, nos próximos meses, enquanto a indústria deve reduzir o ritmo de fechamento de postos.

Na avaliação do diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, o resultado de fevereiro não pode ser considerado ainda uma reversão de tendência no mercado de trabalho. Apesar de positivo, a geração de postos de fevereiro, é muito pequena diante das perdas dos meses anteriores e do contigente atual de trabalhadores com carteira assinada do País. "Do ponto de vista de geração de empregos é um número importante. O mercado de trabalho reverteu as quedas dos meses anteriores, mas é cedo para afirmar que ele está reagindo. É um número muito pequeno."

Ganz calcula que, caso a economia cresça 2% neste ano, seriam gerados 500 mil empregos formais em 2009. Para atingir esse patamar, o Brasil teria de criar 40 mil vagas por mês ao longo do ano. O diretor do Dieese argumenta ainda que, mesmo que o resultado de fevereiro se repita no restante do ano, não compensaria a o fechamento de mais de 100 mil postos em janeiro. "De qualquer forma, o desempenho seria inferior ao necessário para absorver o número de pessoas que entram no mercado de trabalho", acrescenta.

Para o ano de 2009, a LCA Consultores prevê um saldo positivo de 790 mil postos formais, contra 1,4 milhão de empregos criados no ano passado. Com isso, o crescimento do estoque de ocupados deve cair pela metade, de 5% em 2008 para 2,6% neste ano. "É um resultado bem modesto", comenta Romão.

A percepção, segundo o economista da LCA, é de que, "talvez", o pior já tenha passado no caso do mercado de trabalho. Por outro lado, a expectativa é de que a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), deve subir entre janeiro e fevereiro de 8,2% para 9,2%. Na pesquisa, que inclui o emprego informal e será divulgada na próxima semana, ficará mais claro o impacto da crise no setor serviços, avalia. Nos cálculos da LCA, com ajuste sazonal, a previsão é que taxa passe de 8,5% em janeiro para 8,9%. "As piores taxas vão se concentrar no primeiro trimestre. No segundo, veremos uma recuperação modesta", afirma Romão, que prevê uma taxa média de 8,7% em 2009, contra 7,9% em 2008.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Ana Carolina Saito)