Título: Fora da linha
Autor: Alves, Renato
Fonte: Correio Braziliense, 24/03/2011, Opinião, p. 20

Em sua campanha para governador, Agnelo Queiroz anunciou uma série de medidas que tomaria imediatamente caso fosse eleito. Entre as prioridades, estava o transporte público. O petista prometeu, entre outras coisas, licitar linhas de ônibus logo após tomar posse. Ora, pode até parecer injusto cobrar algo em tão pouco tempo, mas ¿quase três meses depois ¿ nada foi feito para melhorar a sofrida vida de quem depende do Estado para se locomover.

Perto do caos, o sistema de transporte público tem ônibus cada vez mais velhos, cooperativas com paralisações frequentes e à beira da falência, rodoviários em estado de greve geral, metrô quase parando, táxis caros, escassos e sem manutenção.

Os assessores de Agnelo Queiroz, que há seis meses anunciavam ter um plano perfeito para melhorar o quadro, agora dizem estar estudando propostas. Ninguém fala em prazos para decisões, mudanças.

Prova da inoperância está no fato de não ter saído do papel nem a tão sonhada linha especial que ligaria o setor hoteleiro ao aeroporto internacional. Os veículos específicos para o tal serviço estão comprados e pagos desde o governo de Rogério Rosso. Ninguém sabe explicar o motivo de continuarem na garagem. Muito menos afirmar quando ganharão as ruas.

Enquanto isso, os antigos empresários continuam controlando a fiscalização do próprio serviço, a emissão e venda dos bilhetes. Mais de mil ônibus piratas, operados por esses mesmos empresários, circulam sem qualquer controle. E as vans, que haviam sido banidas de Brasília, voltam a circular impunemente.

Em meio a esse cenário, o novo governo diz planejar a integração de ônibus no Entorno do DF e a retomada do transporte de passageiros de trem na obsoleta malha férrea entre o Plano Piloto e Luziânia (GO).

Vale lembrar que ainda não temos integração no quadrilatério do DF nem ônibus rodando nas vias da milionária Linha Verde do senhor José Roberto Arruda, muito menos conseguimos colocar nos trilhos o famigerado Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), também idealizado pelo ex-governador, que já consumiu milhões dos cofres públicos, a exemplo do Expresso Pequi (Brasília-Goiânia), ventilado por Joaquim Roriz.