Título: Investimento se manterá, mas mão de obra poderá ter cortes
Autor: Assis,Jaime Soares de
Fonte: Gazeta Mercantil, 19/03/2009, Brasil, p. A8

São Paulo, 19 de Março de 2009 - A queda rentabilidade das empresas de infraestrutura, provocada pela elevação do custo de capital e do câmbio, afetará o nível de emprego do setor em 2009. De acordo com sondagem realizada pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), 74% das indústrias projetam redução do lucro e 69% planejam cortar vagas este ano.

Estes ajustes internos não afetarão de forma significativa os investimentos programados para este período. A pesquisa, realizada com 46 empresas que operam nos segmentos de energia elétrica, petróleo e gás, saneamento básico, portos, rodovias, telecomunicações e transporte ferroviário, revelou que 43% delas apostam que no crescimento do investimento este ano, 22% acreditam que permanecerá no mesmo patamar e 35% aposta na queda.

Segundo Paulo Godoy, presidente da Abdib, o peso das concessionárias de energia elétrica e petróleo e gás tem influência neste resultado. Estes dois grupos de empresas representam 22% e 24% da amostra, respectivamente e puxam os grandes projetos de infraestrutura.

Contratos em andamento

"No segmento de concessões a queda não é significativa", afirma Godoy. "São contratos que estão em andamento", assinala. A retração nos investimentos terá impacto maior na indústria de base, avalia o presidente da Abdib.

O faturamento real deverá aumentar para 35% das empresas e se manterá no mesmo patamar do ano passado de acordo com 24% das companhias consultadas. A sondagem aponta também que 41% das indústrias esperam faturar menos em 2009.

Os projetos de longo prazo devem sustentar parte da atividade do setor de infraestrutura durante o período de crise no qual os empresários esperam crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) próximo a zero (61%) ou retração da expansão econômica (22%).

De acordo com Godoy, para que o setor tenha condições de contribuir para que o País se recupere deste período de desaceleração e se estabilize em um patamar abaixo do verificado no ano passado, alguns pontos da agenda do governo precisam ser equacionados.

Para o presidente da Abdib, existe um diálogo fluente entre os setores industriais e o governo federal. "Os empresários têm interlocução com o governo e estamos colocando uma série de ponderações, inclusive no comitê de monitoramento da crise", afirma o dirigente industrial.

Entre os pontos discutidos com o governo constam itens como os que afetam projetos do setor de energia. "Precisamos viabilizar os empreendimento hidrelétricos, desde que se destravem os licenciamentos ambientais que estão bloqueando estes projetos", concluiu ele .

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 8)(Jaime Soares de Assis)