Título: Liderança descartada
Autor: Craveiro, Rodrigo
Fonte: Correio Braziliense, 24/03/2011, Mundo, p. 22

¿As forças da coalizão têm estabelecido a zona de exclusão aérea, destruindo todas as baterias antiaéreas fixas na costa da Líbia. Os jatos de alta performance não estão mais voando e alguns foram destruídos em solo. A Resolução nº 1.973 do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) apela às forças da coalizão para `protegerem os civis e as áreas habitadas por civis sob ameaça de um ataque¿. Enquanto as forças de Kaddafi prosseguirem sua ofensiva contra áreas rebeldes, como Ajdabyia e Misrata, a coalizão manterá sua batalha em torno dessas regiões. Em resumo, a coalizão está eliminando a artilharia adicional e os tanques leais a Kaddafi. Isso levará a um benefício secundário, o de tornar mais fácil para as forças rebeldes o avanço rumo a oeste, de Benghazi a Trípoli.

Os Estados Unidos estão ansiosos para se livrar de sua liderança no estabelecimento de uma zona de exclusão aérea e decretar cessar-fogo na Líbia. A questão é saber quais países ou organizações assumirão essa liderança. As nações árabes participantes da coalizão se opõem à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) pelo fato de não serem membros da aliança ocidental. A Turquia, por sua vez, não deseja se envolver em ações militares contra um Estado árabe ou muçulmano. Minha hipótese é de que a Otan continuará desempenhando um papel-chave, mas não assumirá o comando da Operação Odisseia ao Amanhecer.¿

» Ronald Bruce St. John é autor de sete livros sobre a Líbia e cientista político do site Foreign Policy in Focus