Título: Texas quer atrair empresas brasileiras
Autor: Americano,Ana Cecília
Fonte: Gazeta Mercantil, 20/03/2009, Brasil, p. A6

São Paulo, 20 de Março de 2009 - O Brasil exportou no ano passado para o estado norte-americano do Texas US$ 4,97 bilhões, segundo as autoridades texanas. O valor representa um crescimento de 30,84% sobre 2007. No sentido oposto, o Brasil importou daquele estado norte-americano US$ 5,96 bilhões no ano passado, um crescimento de 52,66% sobre 2007. Tamanho dinamismo entre os dois destinos não ficou desapercebido pelos texanos. Uma delegação de empresários e da secretária de Desenvolvimento Econômico e Relações Internacionais do Texas, Hope Andrade, iniciou sua série de viagens internacionais este ano pelo Chile e Brasil, tendo realizado, ontem, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) um seminário em busca de investidores e parceiros comerciais.

Na prática, o Brasil cresce em importância para o Texas, que já abriga subsidiárias de empresas brasileiras. Têm filiais naquele estado Petrobras, Gerdau, Votorantim, Santana Têxtil e Tramontina. Só a Petrobras anunciou, há três anos, investimentos de US$ 500 milhões na cidade de Pasadena em atividades voltadas à extração de carvão, petróleo e gás natural.

Outra forma de medir a crescente presença brasileira na economia local é comparar o volume das exportações texanas para os diversos destinos. O Brasil é o quinto na lista, atrás da China -- para quem o Texas vendeu US$ 8,4 bilhões no ano passado--, mas está à frente da Coréia, que comprou US$ 5,1 bilhões daquele estado em 2008. Detalhe, o comércio com os coreanos refluiu 7,35% no ano passado, em relação a 2007. Chile vem 15o. lugar nas vendas texanas além mar, mas os US$ 2,6 bilhões transacionados com aquele país sul-americano representaram um aumento de 85,27% sobre as exportações de 2007.

O Texas é o primeiro estado norte-americano em exportações, tendo fechado 2008 com um volume de US$ 192,1 bilhões em vendas para outros países. "Temos, ainda, o menor índice de impostos dos Estados Unidos", comentou Hope, para uma platéia de empresários brasileiros. A taxa é 28% menor que a média dos estados norte-americanos. Em seu discurso em busca de novos investidores, a secretária lembrou, também, que seu estado tem tido um bom desempenho, apesar da crise. "De cada 10 novos empregos criados nos Estados Unidos, 7,6 deles são no Texas", exemplificou.

Hope conta que percebeu a nova realidade brasileira. "O seu país começou um ciclo novo, no qual há uma presença crescente de multinacionais brasileiras iniciando negócios em outros países", disse. "E queremos assegurar que nosso estado está de braços abertos para os seus negócios", afirmou. Mais do que palavras afáveis, a dirigente lembrou que o estado conta com dois fundos de apoio à atração do capital estrangeiro. Parte de seus recursos foi obtido com o aumento dos impostos no estado, de forma a possibilitar o fortalecimento de instrumentos que pudessem apoiar a atração de capital estrangeiro. O primeiro dos fundos, para empresas tradicionais, conta este ano com US$ 200 milhões para ser dado -- a fundo perdido -- a novas empresas que se disponham a abrir novas vagas de trabalho no Texas. O segundo, especializado em empresas de tecnologias emergentes, tem a mesma finalidade. Segundo Hope, a empresa brasileira Santana Têxteis recebeu US$ 1,6 milhão em subsídios desse fundo. A contrapartida foi a criação, por parte da multinacional brasileira, de 800 empregos.

No evento, em São Paulo, foi divulgado a criação de um escritório do Greater Houston Partnership (GHP) -- a câmara de comércio de Houston (maior cidade do estado) e de suas adjacências -- em São Paulo para apoiar empresas brasileiras interessadas em fazer negócios com a cidade, onde se situa o principal porto norte-americano em tonelagem e o quarto maior sistema de aeroportos do mundo. "Ter um escritório sediado no Brasil facilitará muito a nossa missão de fechar a cadeia de comércio bilateral Brasil-Estados Unidos via Houston", afirmou John Cuttino, presidente da Portal Commerce & Logistics, consultoria responsável pelo escritório no Brasil. "A GHP escolheu o Brasil -- que possui uma das economias mais robustas do mundo -- como local de sua primeira representação estrangeira", concluiu o presidente da câmara de comércio da metrópole texana, Jeff Moseley.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Ana Cecília Americano)