Título: Produtividade avança 1,2% na indústria nacional em 2008
Autor: Americano,Ana Cecília
Fonte: Gazeta Mercantil, 17/03/2009, Brasil, p. A8

São Paulo, 17 de Março de 2009 - A produtividade da indústria nacional se expandiu 1,2% em 2008, apesar do tombo de 6,4% sofrido no último trimestre do ano. Não fosse a crise internacional que atingiu em cheio o setor, o indicador tenderia a ser próximo dos 3,8% - média da produtividade no país entre janeiro e setembro, último mês antes de os efeitos da turbulência econômica internacional desembarcarem nas fábricas brasileiras. A média dos primeiros 9 meses de 2008, apesar de ser inferior aos 4,2% de expansão registrados em 2007, é considerada positiva, pois deu-se sobre uma base alta.

Os dados acabam de ser divulgados pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a partir de um estudo dos indicadores de produção física e horas pagas divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para o Iedi, a crise internacional promete efeitos que se prolongarão em 2009. "A expansão da produtividade deve esmorecer este ano e esta desaceleração deve se espraiar por mais setores", aposta o economista do instituto, Rogério Cesar de Souza. "Seu crescimento tende a ficar próximo a zero, com, no máximo, algum ganho marginal", detalha.

A boa notícia, segundo o IEDI, é que a produtividade da indústria em 2008 teve uma qualidade positiva, isto é, resultou tanto da expansão da produção física, como das horas pagas e do emprego. "Nem sempre a expansão da produtividade tem essa característica", diz Souza. Segundo o técnico, como o indicador de produtividade usado pela instituição é a razão da produção física sobre o total de horas pagas na indústria, há casos em que a produtividade industrial aumenta à custa da redução do emprego. Este é o caso de setores como vestuário (com um crescimento da produtividade em 2008 de 10,2%), fumo (+ 6%), calçados e couro (+2,7%) e têxtil (+2,9%). "Esses setores foram, exatamente, aqueles que demitiram muito em 2008", explica Souza.

O emprego, nessas categorias, segundo o IBGE, encolheu em outubro de 2008 contra outubro de 2007 5%, 7,7%, 8,8% e 4,8% respectivamente. Em novembro de 2008 ante a novembro de 2007, a mão de obra na indústria nesses segmentos caiu 9,8%, 8,4%, 8,2%, 6,2%. Os indicadores de dezembro reforçam ainda mais a tendência de queda do emprego: -8,4%, 9,2%, -8,7% e -5,7%. "Ou, seja, nesses casos, a produtividade cresceu porque a variável do emprego foi sacrificada. Há menos homens por unidade produzida nesses setores", frisa o economista. Ele lembra, ainda, que esses mesmos segmentos já apresentavam taxas negativas de emprego antes da crise em função de dificuldades cambiais.

No sentido oposto, máquinas e equipamentos, cuja produtividade em 2007 fora 10,6%, destacou-se pela queda de 4,4% em 2008. "Este é tipicamente um resultado associado à crise internacional. O setor manteve o nível de emprego relativo à situação de expansão da produção dos primeiros meses do ano, ainda que sua produção caísse drasticamente no final do ano", afirma. Ele lembra que a produção física caiu no segmento 5,1% em outubro, 11,9% em novembro e 19, 5% em dezembro.

"Isso depois de aumentar sua produção em 10,6% no acumulado janeiro-setembro 2008 frente ao mesmo acumulado de 2007", ressalta Souza.

O estudo do IEDI revela ainda que, do ponto de vista da produtividade, apenas 9 setores expandiram seu indicador de 2008 frente a 14, em 2007. Dos nove que apresentaram taxas positivas no ano passado, apenas quatro apresentaram a combinação positiva de aumento conjunto na produção física e nas horas pagas de emprego: fabricação de meios de transporte (+3,9%), minerais não-metálicos (+3,4%), papel e gráfica (+2,8%) e borracha e plástico (+1,7%).

Sob a ótica regional, a produtividade expandiu-se na maioria dos locais. Paraná liderou com um aumento de 7,2%, seguido por Espírito Santo (+6,6%) e Pernambuco (+6,4%). A produtividade caiu apenas nos parques industriais de Bahia (-1,0%) e Minas Gerais (-2,9%).

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 8)(Ana Cecília Americano)