Título: Eletrobrás quer ser excluída de superávit
Autor: Vizia, Bruno de
Fonte: Gazeta Mercantil, 17/04/2009, Brasil, p. A5

São Paulo, 17 de Abril de 2009 - A Eletrobrás também quer ser excluída da contribuição para a meta de superávit primário do governo federal, do mesmo modo que a Petrobrás foi retirada do cálculo, afirmou ontem o diretor administrativo da Eletrobrás, Miguel Colasuonno. A estatal deverá contribuir com R$ 1,6 bilhão este ano, e caso estes recursos sejam excluídos do superávit primário, "seriam reinvestidos imediatamente no sistema, gerando um excedente de energia, que pode ser reinvestido como tarifas mais baratas para estimular a agricultura e indústria", salientou o executivo.

Segundo Colasuonno, a Eletrobrás teria o mesmo objetivo da Petrobrás, que é a geração de energia, e por isso quer ter as mesmas vantagens da estatal petrolífera em relação a contribuição para o superávit primário. O governo chegou a considerar a retirada também da Eletrobrás, mas recuou nos últimos dias antes do lançamento oficial da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que ocorreu anteontem em Brasília. Na ocasião o governo reduziu a meta de superávit primário - economia feita para honrar o compromisso de dívidas - de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2,5%.

A demanda da Eletrobrás já foi informada ao ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, que deverá levá-lo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos próximos dias, ressaltou Colasuonno, que falou durante o lançamento do "Plano de Ação Contra a Crise", na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O Plano, que teve coordenação do ex-ministro do Planejamento, João Paulo dos Reis Velloso, pretende mobilizar todas as instituições do País para transformar a crise em oportunidade de desenvolvimento. "Estamos propondo uma ação executiva de acompanhamento e controle, para garantir empregos e manter a renda em setores estratégicos para o País, assim como foi feito na década de 1930", frisou Velloso.

Dentre as principais propostas está abrir espaço para o setor privado investir, especialmente no setor de infraestrutura, por meio de Parcerias Público-Privadas e concessões. Outro proposta seria o estabelecimento de meta de crescimento de 2% para a economia do País este ano. Segundo o ex-ministro, o Plano tem caráter propositivo, de fazer sugestões, e já foi entregue uma cópia ao presidente da República, e aos presidentes do Supremo, do Senado e da Câmara dos Deputados.

Para o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, o Plano de Ação não é um "exercício de curto prazo, e não há negociações com setores específicos"

Durante o evento o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, informou que a entidade projeta um crescimento real negativo para o PIB brasileiro este ano. Sem informar um número preciso, Skaf ressaltou que espera um recuo entre 1% e 1,5% do PIB do primeiro trimestre deste ano, em comparação com o último trimestre de 2008. "Se o PIB do primeiro trimestre for negativo em 1%, teremos que crescer 1,7% nos próximos três trimestres para termos crescimento zero este ano. Se a queda for de 1,5%, teremos que crescer 2% até o final do ano. Por isso acho difícil não termos retração da economia este ano", concluiu Skaf .

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Bruno De Vizia)