Título: Governo estuda mudar cálculo da poupança
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 17/04/2009, Brasil, p. A6

Brasília, 17 de Abril de 2009 - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmou ontem à noite que o governo estuda mudar o cálculo do rendimento da poupança para afastar os grandes investidores por causa da queda da taxa de juros. Segundo Mantega, o País tem que se acostumar com juros mais baixos e também rentabilidade menor com a poupança.

Com a queda da taxa básica de juros, a Selic, os juros da caderneta de poupança são mais atrativos do que outros investimentos. A preocupação do governo é que os grandes investidores tirem dinheiro da renda fixa, por exemplo, e passem para a poupança, reduzindo o volume de financiamento no país.

"Qual é o dilema que o governo vive? As taxas de juros estão caindo no País. Você não pode ter apenas uma taxa que não cai e todas as outras caindo. Temos que nos acostumar no Brasil com taxas de juros menores. A poupança era uma remuneração boa quando você tinha a Selic a 13%, por exemplo. A poupança remunerava em 6,5%, 7%. Só que a Selic está caindo, então, daqui a pouco, ela vai encostar na poupança e você corre o risco de ter uma migração de grandes investidores para a poupança", explicou o ministro da Fazenda, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

A Selic está em 11,25% ao ano, a menor taxa desde 2003. Mais cedo, o presidente Lula já havia dito que iria mexer no rendimento da caderneta para preservar os pequenos investidores, que representam 95% dos depósitos feitos na poupança. O ministro da Fazenda não disse quando as novas regras serão anunciadas, apenas destacou que o pequeno investidor não precisa temer aplicar na poupança. "O governo vai continuar garantindo a poupança como um bom investimento, totalmente seguro. O pequeno investidor não terá prejuízo", garantiu Mantega.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender a necessidade de se preservar os interesses dos pequenos poupadores, num momento em que a caderneta de poupança pode se tornar mais atrativa que os títulos públicos para os grandes investidores.

"Nós não podemos permitir que pessoas que tenham muito dinheiro utilizem o dinheiro para aplicar na poupança. A poupança é para guardar os interesses da maioria da população, que tem pouco dinheiro", disse o presidente a jornalistas depois de participar de solenidade de promoção de oficiais das Forças Armadas, em Brasília. "Daqui a pouco, as grandes multinacionais vão querer colocar dinheiro na poupança", acrescentou. "Então, é preciso tomar cuidado para não quebrar um sistema que funciona adequadamente."

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Agência Brasil)