Título: Gabrielli: decisão sobre reajuste também é política
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 17/04/2009, Infraestrutura, p. C6

Rio de Janeiro, 17 de Abril de 2009 - Quando o preço do petróleo se estabilizar no mercado internacional, tanto o diesel como a gasolina terão seus valores reduzidos, afirmou ontem o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, admitindo que a decisão também será política.

"A decisão nunca é política só e nem só econômica. É sempre as duas coisas quando você tem uma empresa que produz 99,9% dos combustíveis do País", disse Gabrielli a jornalistas durante o Fórum Econômico Mundial para a América Latina, realizado no Rio de Janeiro. "Então é evidente que essa empresa não pode pensar só do ponto de vista empresarial, porque os impactos dela são macroeconômicos", acrescentou o executivo.

Anteriormente, Gabrielli tinha afirmado à agência "Reuters" que, ao contrário do que vem sendo especulado, a redução do preço do diesel será feita junto com a da gasolina, como sempre ocorre com o ajuste dos produtos que não seguem fórmula de equiparação com o mercado internacional, como é o caso da nafta e do querosene de aviação.

Na véspera, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o preço do diesel iria cair. "O que eu disse foi exatamente o que o ministro Mantega também disse (na quarta-feira): que os preços vão cair em algum momento, mas que depende da estabilização dos preços no mercado internacional", afirmou Gabrielli.

Uma queda nas cotações dos combustíveis é esperada pelo mercado, depois que os preços do petróleo despencaram em meio à crise internacional. Gabrielli e seus diretores já afirmaram reiteradamente que a redução só ocorreria quando o cenário de preços do petróleo ficasse mais consolidado, e depois que a estatal recuperasse perdas que registrou quando não elevou os combustíveis no ano passado em meio a valores recordes do óleo.

Patrocínio de prefeituras

Gabrielli também comentou as notícias de que a Petrobras estaria patrocinando prefeituras do Partido dos Trabalhadores na Bahia, como forma de elegê-lo senador. "É duplamente mentirosa a notícia, porque eu já desmenti que sou candidato a senador e o patrocínio de festas de São João é uma distribuição de recursos para áreas onde culturalmente tem festa de São João, para dar visibilidade à Petrobras", afirmou.

De acordo com o presidente da Petrobras, das 44 cidades onde são realizadas as festas apenas oito seriam do PT. "É material tendencioso, encomendado, é uma disputa política", disse Gabrielli sem citar nomes, mas descartando comentários na mídia de que o objetivo das denúncias seria enfraquecê-lo no comando da estatal. "Não acredito que é visando meu cargo. Não iam usar as festas da Bahia para fazer isso. É alguém que é candidato a senador ou a outro cargo na Bahia", avaliou.

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 6)(Reuters e Agência Brasil)