Título: China simplifica regras para empresa investir no exterior
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Fonte: Gazeta Mercantil, 17/03/2009, Internacional, p. A15

Pequim, 17 de Março de 2009 - A China informou que facilitará os investimentos de suas empresas no exterior, num momento em que a queda dos preços das commodities e das ações estimula a procura de pechinchas em setores desde o automobilístico até o de combustíveis.

O processo de aprovação será simplificado e administrado principalmente pelos governos provinciais, e não mais pelo governo central, informou Yao Jian, porta-voz do Ministério do Comércio chinês, ontem, em Pequim. As novas regras entram em vigor a 1 de maio, informou um outro comunicado.

O gigante asiático anunciou no mês passado que pretende realizar US$ 22 bilhões em gastos no exterior, o que inclui um investimento de US$ 19,5 bilhões no Rio Tinto Group, a terceira maior mineradora do mundo.

Os investimentos estrangeiros diretos (IED) empreendidos pela China no exterior deverão ultrapassar os ingressos de IED no país este ano, pela primeira vez, informou o Standard Chartered.

"A política 'ir para fora', criada com o objetivo de estimular as empresas chinesas a investirem mais no exterior, está em vigor há vários anos", disse Stephen Green, diretor de pesquisa em economia chinesa do Standard Chartered de Xangai. "Acreditamos que 2009 será o ano em que o país realmente ganhará alguma escala."

Em 2008, os investimentos externos da China duplicaram para US$ 52,2 bilhões, contando-se aí os investimentos do setor financeiro, segundo o Ministério do Comércio chinês. Este ano, somente em fevereiro, esse total foi de US$ 65 bilhões, segundo cômputo do Standard Chartered.

Oitenta e cinco por cento dos pedidos de investimentos no exterior por parte de empresas chinesas, que até agora precisavam de aprovação do governo central, serão examinados pelas autoridades provinciais no futuro, disse Yao.

O Ministério do Comércio manterá sob seu encargo a avaliação dos planos de investimento de mais de US$ 100 milhões e dos que envolvem vários países, disse o órgão em outro comunicado. As autoridades provinciais para comércio vão analisar os negócios de menor porte e os que envolvem combustíveis e recursos minerais.

A valorização da moeda chinesa, a queda dos preços das commodities e a necessidade sentida por muitas empresas estrangeiras de quitar seus débitos estão criando "a oportunidade perfeita"'' para que as empresas chinesas intensifiquem seus investimentos no exterior, disse Green, do Standard Chartered.

Fluxo de IED cai 15,8%

Os investimentos estrangeiros na China caíram 15,8% em ritmo anual no mês de fevereiro, anunciou ontem o ministério do Comércio chinês. Foi a quinta queda mensal do fluxo de IED consecutiva. Os investimentos, deixando de fora o setor financeiro, totalizaram US$ 5,83 bilhões, segundo o porta-voz do ministério, Yao Jian.

Os dois primeiros meses do ano representaram US$ 13,37 bilhões, 26,23% a menos que no mesmo período de 2008. O número de empresas estrangeiras implantadas no país também caiu muito, 13% em ritmo anual, mês passado.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 15)(Bloomberg News e AFP)