Título: Brasileiro é o 3º- mais empreendedor do G20
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Fonte: Gazeta Mercantil, 18/03/2009, Brasil, p. A5

São Paulo, 18 de Março de 2009 - A taxa de empreendedorismo entre os brasileiros é de 12%, a terceira mais alta entre os países que participam do G20, conforme revelou pesquisa a Global Entrepreneurship Monitor (GEM), divulgada ontem. A pesquisa é desenvolvida em mais de 60 países e tem o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) entre seus parceiros há nove anos.

Segundo o economista Marcelo Neri, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), a capacidade empreendedora do brasileiro será um elemento central para superar os efeitos da crise financeira internacional no País. "O brasileiro se acostumou com o fato de comer três vezes ao dia e não vai baixar o padrão de vida por conta de uma crise. Tudo leva a crer que as pessoas vão à luta para continuar consumindo", afirmou.

Para Neri, o Brasil está em posição privilegiada, porque já está acostumado com crise e sabe lidar com adversidades. "Nós vivemos de crise em crise e aprendemos a sair bem de situações difíceis. Somos como o Ayrton Senna [tricampeão mundial de automobilismo, morto em 1994]: corremos melhor na chuva."

Neri vê o empreendedorismo dos brasileiros como um colchão "que tem tudo para virar um trampolim". "Ainda são necessárias políticas sociais para pequenos empreendedores, como conceder crédito e educação, que é o passaporte para os novos mercados". Segundo o professor, o consumo de uma família de empreendedores cresce 28% depois da tomada do primeiro empréstimo. "O lucro aumenta em 35%", disse.

De acordo com a pesquisa GEM, 80% dos empreendedores são capazes de gerar renda e emprego; 8% dos 12% de novos negócios surgem por oportunidade e 4%, por necessidade. Os números revelam ainda que 65% consideram que têm muita concorrência. "A partir daí sentimos que nosso maior desafio é estimular as pessoas a criar negócios inéditos", destacou o presidente do Sebrae, Paulo Okamoto.

A pesquisa mostrou ainda que 85% dos novos empreendedores não têm expectativas de exportação e 38% têm uma visão pessimista do negócio que estão iniciando. Apesar de não avaliar o nível de mortalidade das empresas, Okamoto ressaltou que 76% das empresas completam dois anos de vida. "O principal agora é capacitar esses empreendedores e a qualidade dos empreendimentos."

Jovens no comando

A pesquisa revela ainda que 55% dos empreendedores do País têm entre 18 e 34 anos. Segundo o gerente da Unidade de Atendimento Individual do Sebrae em São Paulo, Ênio Pinto, isso se deve ao fato de os jovens terem mais disposição para correr riscos. "Os jovens estão no comando porque assumem a possibilidade concreta de riscos, muitas vezes por não terem tantas responsabilidades, como filhos e famílias formadas", disse.

Os jovens brasileiros estão em terceiro lugar (15%) entre os que mais empreendem no mundo, atrás apenas dos iranianos (29%) e jamaicanos (28%). A pesquisa indica também que os jovens empresários também ascenderam a um patamar qualitativo: "Eles estão identificando melhor os nichos de atuação e refletindo melhor como empreender", disse Ênio Pinto.

O levantamento mostra ainda que há igualdade de gênero entre os empreendedores: no ano passado, 44% eram mulheres. "A mulher se destaca, entre outras coisas, por ter sensibilidade para tratar o recurso humano, o que é uma característica fundamental para administrar um negócio."

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Agência Brasil)