Título: Mesmo sem Arcelor, Vale ficará no projeto de usina no Maranhão
Autor: Lívia Ferrari
Fonte: Gazeta Mercantil, 22/09/2004, Indústria & Serviços, p. A-12

A européia Arcelor, maior grupo siderúrgico do mundo, ainda não definiu participação no projeto de construção da usina siderúrgica do Maranhão. Mas mesmo que a gigante européia não entre no negócio, o empreendimento será tocado em parceria com a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e a chinesa Baosteel. "Independentemente da posição da Arcelor vamos tocar o projeto", garantiu o presidente da mineradora, Roger Agnelli. Ainda assim, a Vale terá participação minoritária, de no máximo 30%, na usina do Maranhão, destinada à produção de placas de aço. O projeto da siderúrgica já foi apresentado informalmente ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Ao comentar a disposição do governo de crescimento da meta de superávit primário, o presidente da Vale afirmou que esse fator está relacionado ao crescimento da economia. "Seria ótimo se aumentasse a meta de superávit primário e se reduzisse a carga tributária" , condicionou ele, ressaltando que é preciso aproveitar o atual ciclo de crescimento da economia para promover a redução da incidência tributária.

O presidente da Vale, a maior exportadora de minério de ferro do mundo, está atento à trajetória do câmbio. Considerou natural o recuo da moeda, reflexo, segundo o executivo da Vale, da entrada de divisas no País e da melhoria do risco Brasil.

Mas ponderou que quando há apreciação da moeda local, "é preciso olhar bem os custos". Para ele, uma flutuação de 10% para cima ou para baixo é normal. Ponderou, porém, que não é bom o câmbio se apreciar mais que isso. Disse que a Vale trabalha com base numa taxa de câmbio de R$ 3,10 por dólar.

Agnelli disse acreditar que a demanda mundial de minério de ferro continuará forte, pelo menos nos próximos três anos, mesmo diante da expectativa de menor crescimento econômico da China nesse período. O preço do minério de ferro caiu em relação ao preço do aço, comparou ele, sem querer, contudo, fazer previsões sobre preços futuros do minério.

Na última segunda-feira a Vale recebeu o prêmio Excelência Empresarial da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e foi a terceira maior companhia de capital aberto segundo levantamento da entidade.